O tronco linguístico bantu, que deu origem a línguas faladas por mais de 400 grupos étnicos africanos, é o destaque da Mostra Sesc Sonora, que começa nesta terça-feira (26), no Rio de Janeiro. O encontro, que vai até domingo (1º), celebra a contribuição dos povos de línguas bantu para a música brasileira. São apresentações musicais, danças, palestras, mesas de debate e feiras gastronômicas. Tudo de graça.

A maior parte dos eventos será na unidade Tijuca do Sesc, zona norte da cidade. Um dos destaques é a companhia de dança sul-africana Luthando, que já rodou o mundo com apresentações que celebram a herança cultural da África do Sul. As performances da companhia exploram maneiras de gerar movimento a partir de atividades diárias, buscando inspiração na natureza. No primeiro dia da mostra, o diretor e coreógrafo sul-africano Luyanda Sidiya participa de uma oficina de dança.  

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Na quarta-feira (27), a companhia Luthando apresenta o espetáculo Amawethu, no Sesc Copacabana, zona sul do Rio. O nome da apresentação significa “nosso povo” em zulu. Amawethu é uma vitrine de tradições culturais africanas, combinadas com expressões artísticas modernas. A performance é uma jornada que destaca a resiliência, união e diversidade de seu povo.

“A mostra é realmente em cima da história do nosso povo, da situação atual da África. Nós procuramos conversas profundas e compartilhar mais de nós mesmos por meio da arte”, disse à Agência Brasil, Luyanda Sidiya. 

Preservação de tradições

O compositor, educador e ator Salloma Salomão é um dos palestrantes sobre a importância das línguas bantu na formação cultural no Brasil. Para ele, esse encontro é uma forma de valorização e visibilidade das práticas culturais vindas das classes subalternas e sobre como herdaram tradições africanas. 

“Significa buscar um olhar mais atento, entender a singularidades, as formas de criptografia que os descendentes de africanos no Brasil elaboraram para preservar algumas tradições”, diz.

Música de periferia

A programação inclui um talk-show com o vice-presidente da Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (Apafunk), Mano Teko MC. Ele transportará para a mostra a discussão sobre resistência às diferentes tentativas de criminalização, racismo e preconceitos que envolvem o ritmo presente em comunidades periféricas.  

No sábado (30), uma roda de samba formada exclusivamente por mulheres vai exaltar a influência feminina no cenário cultural. O grupo Moça Prosa nasceu em 2012, na Pedra do Sal, que fica em uma região conhecida como Pequena África, na zona portuária do Rio de Janeiro. 

Além da música, o encontro vai levar para o público a culinária. No sábado e domingo, uma feira cultural e gastronômica ocupará o Sesc Tijuca. A mostra vai ser encerrada com apresentações tradicionais de origem afro, o Caxambu do Salgueiro e o Jongo da Serrinha. 

A programação completa está no site do Sesc.

Serviço

A Mostra Sonora Brasil – Culturas Bantu: Afro-sonoridades tradicionais e contemporâneas, que será aberta hoje, vai até 1º de outubro, no Sesc da Tijuca e no Sesc Copacabana. A entrada é gratuita, e a distribuição de ingressos é feita no dia, por ordem de chegada.