28/08/2024 - 10:00
São Paulo, 28 – As aquisições tardias de fertilizantes para aplicação ainda neste segundo semestre são uma preocupação quanto à logística, disse o presidente da Eurochem na América do Sul, Gustavo Horbach, nos bastidores do 11º Congresso Brasileiro de Fertilizantes (CBFer), organizado pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), em São Paulo. “Desde o início do ano estamos vendo essa tendência (de postergação das compras devido aos preços mais baixos dos grãos), então nosso intuito foi antecipar o máximo as manutenções programadas das plantas e ter os melhores contratos logísticas para atender o segundo semestre, porque temos certeza de que no período a capacidade produtiva e a infraestrutura de entrega do País estarão extremamente estressadas”, disse Horbach.
A Eurochem estima que a planta de fosfatados da Serra do Salitre (MG) deva entregar até o fim do ano cerca de 500 mil toneladas de fertilizantes e um milhão de toneladas até 2025, quando deve atingir sua capacidade completa. Além do complexo de Salitre, possui mais de 20 misturadoras pelo País. “Tanto o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, quanto o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, consideram o Salitre a primeira e efetiva ação concreta para diminuir a dependência externa prevista no Plano Nacional de Fertilizantes (PNF)”, avaliou.
Apesar do momento de preços mais baixos dos grãos e de alta nas cotações internacionais de fósforo, Horbach não vê redução na demanda. “Dado o volume que a gente consome e importa, o mercado brasileiro sempre vai ter uma dinâmica de preço muito específica”, afirmou. “A gente não enxerga que esse valor muito alto vá ser sustentável por muito tempo porque a demanda local vai continuar existindo e a produção internacional que mira o mercado nacional vai acabar também se impondo aqui.”
A Eurochem estima que, gradativamente, tais preços retornem a patamares historicamente normais. “O que de certa forma é muito bom para o produtor rural, porque garante uma certa previsibilidade nesse momento de preços de commodities internacionais não tão atrativos”, completou Horbach.
A empresa, que completou 23 anos nesta terça-feira (27), chegou ao Brasil em 2016 e já investiu cerca de US$ 13 bilhões no País. Além do Salitre, tem nos planos investir ainda mais na produção local mais no futuro, apesar de que agora o foco está em garantir o bom funcionamento da recém-inaugurada planta. “Salitre sem sombra de dúvida foi nosso primeiro movimento nesse sentido, mas eu não descarto que, no futuro, dado o nosso DNA industrial, que a gente venha a ter aqui outras plantas de produção”, justificou.
Aquisições também não estão fora de cogitação para a Eurochem, que já adquiriu a Fertilizantes Tocantins e a Fertilizantes Heringer. “De maneira consecutiva somos abordados por negócios de fusões e aquisições; é algo que a gente nunca deixa de estudar”, afirmou. “Não descarto, mas também não é algo que temos no pipeline imediato.”