04/09/2024 - 13:07
São Paulo, 4 – A BrasilAgro, que atua na produção e comercialização de grãos e fibras, bioenergia, e também na compra e venda de propriedades rurais, registrou um lucro líquido de R$ 232,9 milhões no quarto trimestre fiscal de 2024, encerrado em 30 de junho. Segundo comunicado ao mercado, o resultado representa uma redução de 4% em comparação ao registrado no mesmo período do ano anterior, de R$ 242,7 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado caiu 30% no período, totalizando R$ 263,4 milhões, ante R$ 374,6 milhões registrados no quarto trimestre de 2023. A receita líquida da companhia recuou 13%, para R$ 551,8 milhões.
No acumulado do ano fiscal de 2024, a BrasilAgro registrou uma receita líquida de R$ 1,105 bilhão, o que representa uma queda de 20% em relação ao ano anterior (R$ 1,379 bilhão). O Ebitda ajustado totalizou R$ 279,8 milhões, uma redução de 48% na comparação anual. O lucro líquido total foi de R$ 226,87 milhões, 16% menor em relação aos R$ 268,54 milhões registrados em 2023.
Em comunicado, a BrasilAgro destacou que o ano foi marcado por desafios decorrentes de diversos fatores adversos. A produção de soja na safra 2023/24 totalizou 200,246 mil toneladas, uma redução de 19% em comparação com as expectativas iniciais, por causa da escassez de chuvas e das temperaturas elevadas. A colheita de milho foi ainda mais comprometida, com queda de 70% ante a estimativa inicial, resultando em 18,106 mil toneladas, reflexo das chuvas excessivas que comprometeram a qualidade do grão. O milho safrinha ficou 53% abaixo do esperado, em 48,152 mil toneladas. O algodão também apresentou desempenho abaixo do esperado, com uma produção de 10,177 mil toneladas, 25% menor que o projetado, devido às condições climáticas desfavoráveis em regiões como Xingu, em Mato Grosso. Já a produção de algodão safrinha foi de 10,7 mil toneladas, 16% abaixo da expectativa.
Em entrevista coletiva, o CEO da BrasilAgro, André Guillaumon, destacou que a empresa combina resultados imobiliários com operacionais, o que, segundo ele, aumenta a resiliência em cenários difíceis. Guillaumon também comentou sobre a liquidez em anos de menor desempenho, ressaltando que a estratégia de combinar áreas próprias com arrendadas ajuda a equilibrar os resultados. Ele citou a venda de 12,335 mil hectares da Fazenda Chaparral, localizada em Correntina, na Bahia, por R$ 364,5 milhões, como exemplo de sucesso da estratégia. “Além da operação agrícola, consideramos a venda de ativos como parte da nossa estratégia para maximizar o Ebitda e valorizar a terra. Este ano, apesar dos desafios, conseguimos superar as dificuldades”, afirmou.
Aquisição de terras
A BrasilAgro diz ter adotado uma postura cautelosa e seletiva em relação às aquisições de terras vinculadas a processos de recuperação judicial (RJ). Segundo o CEO André Guillaumon, apesar das oportunidades que podem surgir nessas situações, a empresa mantém uma análise rigorosa por causa dos potenciais impactos fiscais e à complexidade das negociações.
Guillaumon explicou que as aquisições de terras em RJ são processos mais demorados e nem sempre oferecem os descontos esperados. Além disso, há o risco de perda de créditos fiscais, o que torna a operação menos vantajosa para a empresa. “Não é que a RJ seja a solução. Ela coloca mais ativos no mercado, mas é preciso ter uma estrutura adequada para absorvê-los sem comprometer nossa saúde financeira”, afirmou.
Mesmo com essa cautela, a BrasilAgro manteve uma estratégia ativa em seu portfólio de terras ao longo do ano-safra 2023/24. A empresa realizou a venda de 12.335 hectares da Fazenda Chaparral, na Bahia, pelo valor de R$ 364,5 milhões. Além disso, adquiriu a Companhia Agrícola Novo Horizonte S.A., que inclui um contrato de arrendamento de 4.767 hectares úteis em Primavera do Leste, em Mato Grosso.
O portfólio de propriedades da BrasilAgro, avaliado em R$ 2,9 bilhões, abrange 271.016 hectares distribuídos em seis estados brasileiros, além de propriedades no Paraguai e na Bolívia. A empresa também arrendou mais de 7 mil hectares em São Paulo para a produção de cana-de-açúcar.
Nos últimos anos, a BrasilAgro atuou predominantemente como vendedora de terras, mas Guillaumon ressaltou que o cenário atual está mais equilibrado, com a empresa agora se voltando para aumentar suas aquisições. “Estamos operando de forma anticíclica: quando todos querem comprar, nós vendemos, e quando todos querem vender, nós compramos. Essa é a chave para nosso sucesso no mercado”, afirmou o executivo.
Guillaumon destacou que essa estratégia é sustentada pela resiliência dos ativos da empresa, cujos preços não variam imediatamente com as flutuações das commodities, permitindo uma gestão mais estratégica e de longo prazo.