Os pedidos de recuperação judicial no agronegócio, incluindo produtores pessoa física, jurídica e empresas relacionadas ao setor, recuaram 40,7% no terceiro trimestre na comparação com o segundo trimestre, para um total de 254, apontaram dados da Serasa Experian nesta terça-feira, 12.

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Após seguidos aumentos de pedidos de recuperação, o cenário de queda é “animador”, embora exija ainda uma análise cautelosa, levando em consideração o contexto econômico e sistêmico, na avaliação do head de Agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta.

“Os dados mostram um cenário positivo para o terceiro trimestre, mas precisamos lembrar que a economia não costuma sofrer grandes mudanças em curtos períodos”, disse ele, em nota.

“Acreditamos em um represamento no segundo trimestre que acabou inflando a quantidade de solicitações e impactando a relação com o período seguinte. O ideal é que sigamos analisando os próximos meses para chegarmos em conclusões mais assertivas.”

Apesar da queda na comparação trimestral, os pedidos mais do que dobraram em relação aos 123 de mesmo período de 2023.

A conjuntura, com os agricultores sendo atingidos por preços mais baixos de commodities agrícolas como soja e milho, levou o Banco do Brasil, maior financiador do agronegócio, a se engajar em uma campanha para alertar produtores sobre riscos de eventuais abusos na utilização do mecanismo, revelou um executivo do banco à Reuters.

Embora seja um instrumento que pode ajudar na recuperação de uma empresa ou produtor, o pedido de RJ pode criar uma ruptura na atividade econômica do produtor rural com os credores.

Os pedidos de recuperação judicial — embora sejam em números relativamente pequenos frente aos totais do setor — avançaram no acumulado do ano enquanto produtores lidaram também com eventos climáticos severos no início de 2024, taxas de juros elevadas e uma alta dos custos de produção.

Mas os dados na comparação trimestral trazem algum alento.

Levando em consideração apenas os produtores rurais que atuam como pessoa física no campo, a retração dos pedidos foi de 50,4%, para 106 solicitações.

O mesmo movimento foi visto para aqueles produtores que atuam na pessoa jurídica, cujos pedidos recuaram de 121 no segundo trimestre para 92.

No caso das empresas que atuam de forma relacionada ao setor do agronegócio, a retração entre o segundo e o terceiro trimestres foi de 40,4%, para 56 solicitações.

O executivo da Serasa ressaltou ainda que é possível se precaver de eventuais problemas relacionados aos pedidos de recuperação judicial com o uso de análises mais criteriosas para se conceder linhas de crédito.

Isso “protege o mercado da realização de financiamentos com perfis economicamente instáveis, diminuindo riscos e fomentando a regulamentação da saúde financeira no setor”, afirmou Pimenta.

Os levantamentos feitos pela Serasa Experian foram construídos a partir das estatísticas de processos do número de documentos que solicitam recuperação judicial no agronegócio registradas mensalmente na base de dados da companhia e provenientes dos tribunais de Justiça de todos os Estados.