11/09/2025 - 14:12
Em 2024, o valor de produção das principais culturas agrícolas do país recuou 3,9% frente a 2023 e atingiu R$ 783,2 bilhões. Os dados são da Produção Agrícola Municipal 2024 do IBGE. Esta é a segunda queda anual consecutiva do setor, refletindo a diminuição de 7,5% na produção de grãos, que somou 292,5 milhões de toneladas, e no valor de produção desse grupo, que caiu 17,9%, fechando em R$ 431,2 bilhões. Soja e milho, que representam quase 88,7% da produção de grãos, foram os cultivos mais impactados pelas adversidades climáticas e pela queda de preços.
Apesar da queda na produção, a área plantada do país, considerando todas as culturas pesquisadas, totalizou 97,3 milhões de hectares em 2024. O aumento de 1,1 milhão de hectares (1,2%) na área cultivada mantém a tendência de crescimento observada nos últimos anos. A soja se destaca com um acréscimo de 1,8 milhão de hectares, seguida pelo algodão, com um aumento de 280,8 mil hectares. Em contrapartida, houve uma queda de 4,9% na área cultivada com milho.
Segundo o supervisor da pesquisa, Winicius Wagner, as culturas sofreram com o impacto climático do El Niño. “O fenômeno El Niño prejudicou as culturas de verão em 2024. Ele causou uma estiagem prolongada severa em regiões como Centro-norte, Sudeste e parte do Paraná. Soja e milho, em particular, sofreram quedas de 5,0% e 12,9% na produção, respectivamente, e a retração de seus preços impactou o valor de produção agrícola”, comenta.
No ranking de valor de produção, os cinco primeiros produtos continuam sendo soja, cana-de-açúcar, milho, café e algodão. A cana-de-açúcar passou para a segunda posição, ultrapassando o milho. O café teve o maior crescimento de valor (58,1%), atingindo R$ 69,2 bilhões. O cacau se destacou com um salto de 229,4% no valor de produção, enquanto a soja, apesar da queda de 25,4%, se manteve como o principal destaque em valor gerado na agricultura brasileira, representando cerca de um terço do total nacional.
Mesmo com uma queda de 25,4% no valor de produção, a soja continuou sendo o principal destaque em termos de valor gerado na agricultura brasileira, representando cerca de um terço do total nacional da produção e mantendo o Brasil como maior produtor e exportador global da oleaginosa. Já o crescimento no valor da cana-de-açúcar ficou por conta do aumento dos preços, principalmente do etanol.
Entre as contribuições positivas no valor de produção, destacam-se o café, o cacau e o arroz, impulsionados principalmente pelo aumento das cotações dessas commodities. O café teve um aumento de 58,1% no valor de produção, totalizando R$ 69,2 bilhões, passando a ser o segundo produto agropecuário em geração de receita com as exportações em 2024. O arroz apresentou aumento de 3,8% no volume produzido e 25,7% no valor de produção, aparecendo como sétima posição em valor de produção. O cacau, com um aumento substancial na cotação da commodity no mercado internacional, saltou 229,4% no valor de produção anual, subindo para a décima posição.
Mato Grosso lidera, apesar da retração
Líder entre os estados, Mato Grosso teve uma retração de 21,3% no valor de produção agrícola, totalizando R$ 120,8 bilhões e reduzindo sua participação nacional para 15,4%. São Paulo se manteve na segunda posição, com um aumento de 4,9% no valor de produção. Minas Gerais subiu para a terceira posição, com um crescimento de 6,9%. O Rio Grande do Sul registrou um aumento de 21,1%, enquanto o Paraná teve uma retração de 20,3%, caindo para a quinta posição.
O município de Sorriso (MT) registrou o maior valor de produção agrícola pelo sexto ano consecutivo, respondendo por 0,9% do total nacional. A cidade se destacou como terceiro maior produtor de soja e o primeiro em milho. No ranking dos municípios, São Desidério (BA) e Sapezal (MT) ocuparam a segunda e terceira posições, respectivamente.
Soja e milho: números em queda
A safra da soja em 2024 foi de 144,5 milhões de toneladas, uma queda de 5,0%. Apesar da expansão de 4,0% da área plantada, o rendimento médio nacional ficou 8,1% abaixo do ano anterior, impactado por fatores climáticos extremos. Mesmo assim, a oleaginosa respondeu por 33,2% do valor da produção total.
O milho teve uma safra abaixo do esperado, com queda de 12,9% na quantidade produzida, totalizando 115,0 milhões de toneladas. A redução da área plantada, da produtividade e dos preços da commodity resultou em uma retração de 13,5% no valor de produção, que somou R$ 88,1 bilhões. O Brasil perdeu a posição de maior exportador mundial do produto para os Estados Unidos.
Cana-de-açúcar e café em destaque
Apesar da queda de 2,9% na produção, a cana-de-açúcar se manteve na segunda posição em valor de produção agrícola, com R$ 105,0 bilhões, um aumento de 3,0%, impulsionado pela valorização do etanol. A produção nacional de café atingiu 3,4 milhões de toneladas, um crescimento de 1,2%, e o valor de produção teve um incremento de 58,1%, totalizando R$ 69,2 bilhões, impulsionado pela alta das cotações.
Algodão e arroz: produção em alta
O algodão bateu recorde pelo segundo ano seguido, com aumento de 13,7% no volume produzido, totalizando 8,5 milhões de toneladas, o que elevou o Brasil ao posto de maior exportador global do produto. Já o arroz, com alta nos preços, apresentou crescimento de 8,9% na área de cultivo e 3,8% na produção, totalizando 10,7 milhões de toneladas. O valor de produção do arroz cresceu 25,7%, alcançando R$ 22,3 bilhões.
Frutas: valor em alta
A produção de frutas gerou R$ 91,5 bilhões, um crescimento de 21,0%. A laranja foi a fruta com o maior valor de produção no país em 2024, quase R$ 28,5 bilhões, um crescimento de 42,4% em relação a 2023. A banana e a uva também se destacaram, com a uva ultrapassando o açaí e assumindo a terceira colocação.