29/09/2025 - 13:12
Tomar café nos últimos meses não tem sido uma tarefa fácil. O motivo? O preço. No acumulado dos últimos 12 meses, o café torrado e moído sofreu uma valorização superior a 60%, conforme os dados de agosto do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – indicador que mede a inflação no Brasil. Na prévia de setembro, a alta acumulada é de 59,45%.
E essa tendência de valorização está provocando mudanças de hábito no consumidor brasileiro. Sem uma expectativa de retração nos preços pagos pelo produto, as pessoas estão trocando suas marcas preferidas por opções mais em conta.
Segundo pesquisa encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) junto ao Instituto Axxus, sobre hábitos e preferências do consumidor, 39% dos brasileiros disseram optar pela preferência mais barata na hora de escolher o café na gôndola do supermercado.
O percentual deste ano é mais do que o dobro do que o apontado na pesquisa do ano passado, quando apenas 16% escolhiam o café com base no preço. Na prática, a fidelidade às marcas cedendo lugar à busca pelo menor valor.
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“Mesmo em um cenário de alta expressiva nos preços, o café segue presente no cotidiano dos brasileiros, mas de forma mais moderada e seletiva. A pesquisa revela que o consumidor não abre mão da bebida, mas está adaptando seus hábitos ao novo contexto econômico”, comenta o pesquisador do IAC e coautor do estudo, Sérgio Parreiras Pereira.
Menos xícaras de café
Com preços em alta, o consumo também foi bastante influenciado. A pesquisa mostra que 24% dos brasileiros reduziram seu consumo, associando a mudança no hábito aos preços do produto. Esse foi o maior recuo da série histórica.
Em 2019, 29% dos entrevistados declararam tomar mais de seis xícaras de café por dia. Em 2021, a percentagem era de 30%, já em 2023, a percentagem foi de 29%. Neste ano, apenas 26% dos entrevistados disseram consumir mais do que seis xícaras por dia. Já o grupo que consome até duas xícaras segue crescendo: em 2019, o índice foi de 8%, em 2021 e 2023 foi de 10% e, agora, em 2025, o índice chegou a 14%.
A pressão econômica também influencia onde e como o café é adquirido. Os atacarejos aumentaram sua participação de 24,6% (2023) para 28,2% (2025), enquanto pequenos varejistas e cafeterias perderam espaço. Nas cafeterias, aliás, a frequência caiu de 51% em 2023, para 39% em 2025. Para muitos, preparar o café em casa se torna a alternativa mais viável, não apenas pelo custo, mas, também, pelo conforto e conveniência.