01/09/2008 - 0:00
Depois de registrar quedas consecutivas e provocar a apreensão dos produtores agrícolas, os preços das commodities retornaram, pelo menos por enquanto, ao patamar de alta dos últimos meses. Segundo levantamento do Centro de Pesquisa Avançada em Economia Aplicada (Cepea), no fim de agosto os preços das commodities registraram crescimento de 11% no milho, 8% na soja e 10% no trigo. “São as maiores altas em uma semana dos últimos três anos”, ressalta o coordenador científico do Cepea, Geraldo Barros.
TRANSGÊNICOS
Algodão aprovado
Após quatro anos de espera, a Bayer CropScience teve liberada a venda de sementes de seu algodão geneticamente modificado. O “Liberty Link” é a segunda variedade de algodão transgênico aprovada no Brasil pela CTNBio. O produto é resistente a herbicidas.
BOLA DENTRO
Minc: o defensor do dendê amazônico
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, selou um acordo com o Ministério da Agricultura para a liberação do cultivo de dendê e outras espécies exóticas em áreas de recuperação de floresta nativa na Amazônia. A expectativa é aumentar a plantação da oleaginosa destinada à produção de biodiesel. De acordo com o Ministério da Agricultura, a área de cultivo do dendê na Amazônia Legal é de 600 mil hectares e poderá crescer até 100 vezes com o acordo.
ALGODÃO
Nova liderança
O cotonicultor João Carlos Jacbsen é o novo presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). Será o terceiro mandato não consecutivo do empresário rural à frente da entidade, criada em 2000. Entre suas missões estão a abertura de novos mercados na Ásia e o foco no vácuo deixado pela diminuição de área dos Estados Unidos.
TRABALHO NO CAMPO
Campo segue “bombando”
O setor agropecuário foi o que mais trabalhadores contratou no primeiro semestre, segundo o Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged). No melhor mês, foram 92,5 mil postos, num recorde histórico de 309 mil vagas com carteira assinada.
FAMOSOS
Sertanejo na parada
O cantor Bruno, da dupla Bruno e Marrone, está ampliando sua parceria com o empresário Edis Amaral Oliveira, mais conhecido como Branco, dono da rede “Pra você Supermercados”. Os dois já são sócios na marca Nelore RayopraVocê , além do Portal do Nelore. O novo site surge com conteúdo direcionado aos apreciadores da raça, e pretende veicular resultados de leilões e julgamentos, pesquisas e informações acerca do mercado.
ORGÂNICOS
Kiwi rumo à Europa
A primeira remessa de kiwi biodinâmico para a Europa aconteceu em junho. Foram enviadas 20 toneladas da variedade Bruno, que tem por característica ser uma fruta mais alongada e com maior teor de vitamina C. Segundo a entidade Organics Brasil, esta exportação abre as portas do mercado europeu para os pequenos produtores de orgânicos brasileiros.
MÍDIA
Novidades no Canal Rural
No início de agosto, estreou no Canal Rural o quadro Pecuária On Line. A atração, apresentada pela repórter Paula Sant’Ana, é veiculada dentro da edição do programa Campo On line, das 20h30, que trata dos bastidores dos leilões de elite do Brasil. Além disso, a jornalista também estréia um blog dentro do site do canal. O “Leioloblog – O blog dos leilões”, que traz informações sobre os principais eventos da pecuária brasileira.
MÚLTI DA CARNE
Lucros gordos
O Marfrig fechou o primeiro trimestre de 2008 com lucro líquido de R$ 66 milhões, crescimento de 152% em relação ao mesmo período de 2006. A receita bruta cresceu 50,2% e chegou a R$ 1,324 milhão. De acordo com o balanço da empresa, os resultados se devem à manutenção da sua estratégia de exportar carne bovina in natura a clientes da União Européia através de suas unidades no Uruguai e na Argentina, além de iniciar suas atividades de frango no segundo trimestre de 2008.
MERCADO EXTERNO
Setor comemora abertura do mercado india
O setor avícola brasileiro conquistou um grande feito: a abertura da Índia para carnes de aves in natura. “A abertura do mercado da Índia é importante. Com uma população de mais de um bilhão de habitantes, se tornará um grande cliente da carne de frango brasileira”, afirmou o presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos, Francisco Turra.
MÁQUINAS
Consórcio em alta
A colheita de safra recorde e o incentivo do governo para a ampliação da produção agrícola foram os fatores que contribuíram para o crescimento de 56,3% nas vendas de consórcio para máquinas agrícolas. A fabricante John Deere registrou um crescimento de 86% nesse tipo de venda, em comparação ao ano passado, e as contemplações somaram R$ 48 milhões.
O triste fim da mamona
Setor comemora abertura do mercado india
Tida com carro-chefe do governo na propaganda do programa nacional do biodiesel, a mamona não poderá mais ter seu óleo utilizado para a produção desse produto. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) determinou que, devido ao seu alto grau de viscosidade, a oleaginosa não possui as condições técnicas para ser usada como matéria- prima. De acordo com o parecer da ANP, o biodiesel feito a partir de óleo de mamona poderia danificar os motores.
AGRENCO
Uma nova saída
Enquanto negocia a entrada de um novo controlador na empresa, a Agrenco entrará com um processo de recuperação judicial. A medida é uma estratégia para se proteger das cobranças de bancos e fornecedores, que se acumulam desde o escândalo deflagrado há dois meses. As dívidas somam R$ 1,2 bilhão, das quais 80% com vencimento nos meses que se aproximam.
VEGETAIS Quimioterapia para vegetais
O governo dos EUA liberou o uso de pequenas quantidades de radiação para o tratamento de verduras. O procedimento combaterá a bactéria E. coli e outros germes. A medida se deve ao aumento de doenças causadas por produtos frescos.
TRIGO
De olho nos mercados
A tonelada do trigo atingiu R$ 830 no mercado interno no momento do plantio do cereal na safra 2008/2009. O alto valor levou os agricultores a aumentar a área plantada para 2,3 milhões de hectares, um crescimento de 26%. No entanto, o pico da colheita coincide com o momento em que há maior oferta de trigo no mercado e os preços estimados são de R$ 500 a tonelada.
AGROQUÍMICOS
Mercado em transição
Antonio Carlos Zem, presidente da FMC, fala sobre o delicado momento do mercado algodoeiro no Brasil e no mundo
RURAL – Como está o mercado de algodão?
ZEM – É uma safra de transição, com olhar voltado para os custos. Acho que é um momento de transição em que vários países vão reduzir a área plantada. Tenho chamado 2008 de um “ano ponto”, porque a safra 2009/2010 vai remunerar muito bem. Realizamos um grande evento, o Clube da Fibra, em que reunimos a nata do setor, que entende que o melhor está por vir.
RURAL – E por que acreditar nisso?
ZEM – Temos muita redução de área. Em Mato Grosso, haverá menos 12% de algodão plantado, apesar de a Bahia crescer um pouco. Esse efeito tem se mostrado em outros países do mundo também e o interessante é que os grandes produtores ficarão cada vez maiores e os pequenos tendem a desaparecer.
RURAL – Como fornecedor de insumo, qual a sua dica?
ZEM – O produtor tem que olhar muito para o custo. Houve um aumento na demanda mundial por defensivo e o mercado não estava preparado para atender toda essa procura. Só na Ásia o aumento foi de 12% e, como as empresas atendem primeiro o Hemisfério Norte, alguns produtos podem ficar escassos.
RURAL – Quais os pontos mais sensíveis?
ZEM – A falta de capacidade instalada para extração, com certeza, porque não dá para mudar do dia para a noite. Ou o mercado passa por um desaquecimento e se acomoda, ou teremos de esperar que os investimentos feitos para aumentar a produção comecem a surtir efeito, o que demora um pouco.
RURAL – Em se tratando de produtos…
ZEM – O glifosato é um ponto crítico. Alguns peritróides, que compõem os inseticidas, também têm sido muito procurados e esses custos estão subindo, em média, 15%.
RURAL – Existe algum gargalo importante?
ZEM – A logística para a entrega em tempo continua sendo um desafio, ainda mais com o consumo acelerado no Hemisfério Norte. Há muita correria e podem existir problemas na entrega de produtos.