16/06/2020 - 9:00
São Paulo, 16 – O setor cafeicultor no Brasil não sentiu, por enquanto, efeitos sérios da pandemia do novo coronavírus, avaliou o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, em webinar promovido nesta segunda-feira, 15, pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). Melo, que representa a maior cooperativa de café do mundo, com 15% da produção nacional de arábica ou 6,4 milhões de sacas, diz que os produtores conseguiram proteger preços no mercado futuro e, assim, garantir lucratividade. “Grande parte da safra já está ‘hedgeada'”, disse, e acrescentou: “mesmo com a covid-19, originamos muito café e vendemos a preços significativos; se não muito bons, pelo menos cobriram nossos custos”.
+ Exportação de café robusta cresce 4,7% em maio, aponta Cecafe
+ Funcafé: Agricultura antecipa liberação de recursos
Melo comentou que, se no ano passado os preços não estavam compensadores, a partir de dezembro até o início deste ano as cotações começaram a melhorar e o produtor pôde, assim, proteger sua produção em bolsa. “Além disso, dentro do agro, fomos privilegiados porque quando o coronavírus chegou não estávamos ainda na colheita e já tínhamos vendido a safra (2019/2020)”, continuou ele, lembrando que não era um período de compra de insumos.
Carlos Melo comentou, ainda, que importantes feiras do setor cafeicultor ocorreram exatamente antes de o coronavírus ocorrer no Brasil e, com isso, os negócios não foram afetados.
O futuro, entretanto, traz insegurança, comentou. “Por enquanto estamos tranquilos, mas o futuro ainda é incerto (por causa dos reflexos que a pandemia vai trazer)”, disse.
A pandemia de coronavírus começa a ter reflexos no consumo global de café e isso deve afetar os negócios da Cooxupé. Melo lembrou que a rede de cafeterias Starbucks anunciou recentemente o fechamento de mais de 50 lojas na Ásia, o que tem reflexos diretos nas exportações da cooperativa.
Mais para a frente, a perda de poder aquisitivo da população no mundo por causa do coronavírus também afetará o consumo da bebida, trazendo mudanças de hábitos. “O consumo de cafés especiais, por exemplo, caiu”, sinalizou. “É inevitável que, dentro do quadro de indefinição atual, a mudança de consumo ocorra, o que já é claro e evidente. E ela poderá se agravar no futuro, dada a queda no poder aquisitivo global.”
Internamente, porém, Melo acredita que a política governamental para o setor cafeicultor “está sendo bem conduzida”.