18/06/2020 - 19:17
Sem chegar a um acordo sobre distribuição de R$ 10 bilhões contra a covid-19, verba desejada tanto partidos do Centrão como por secretários de Estados e municípios, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, decidiu adiar a discussão. Ele retirou o tema da pauta de reunião de gestão do SUS realizada nesta quinta-feira, 18.
O recurso contra a covid-19 foi liberado por Medida Provisória editada em maio pelo presidente Jair Bolsonaro. Para representantes de gestores locais que participavam da reunião, Pazuello disse que há uma “batalha” para manter critérios técnicos da distribuição da verba. “Claro que a gente tem de discutir critérios políticos, mas tem de prevalecer o técnico. Essa é nossa missão, a gente vai costurando, costurando, até chegar numa posição bem inteligente”, disse o ministro.
Como o Estadão revelou, o ministro tenta agradar gestores do SUS e o mundo político na partilha dos R$ 10 bilhões. O Palácio do Planalto cobra que parlamentares de partidos do Centrão sejam privilegiados.
Sob pressão de aliados e após sofrer sucessivas derrotas políticas, o presidente Jair Bolsonaro tem distribuído cargos e recursos públicos por indicação de líderes de partidos Centrão, em troca de votos no Congresso que podem, inclusive, salvá-lo em eventual processo de impeachment. O bloco informal é formado por PL, Progressistas, Republicanos, PTB, Solidariedade, DEM e PSD.
O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame, disse a Pazuello que o ministro não seria deixado “sozinho” nas tratativas para divisão dos recursos. Beltrame defendeu “divisão adequada, justa, que atenda interesses da saúde da população e que não sirva pra nenhum outro interesse”.
Secretários pedem que a distribuição de uma primeira parcela de R$ 2 bilhões, pelo menos, seja feita por critérios como incidência de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e disponibilidade de leitos em cada região.
Há ainda possibilidade de pagar os R$ 10 bilhões em uma parcela, defendida por integrantes do Palácio do Planalto para criar uma “agenda positiva” ao governo Bolsonaro.