28/06/2020 - 15:37
Presença constante nas finais dos torneios de vôlei no Brasil e até mesmo na América do Sul desde 2009, quando foi criada, a equipe masculina do Sesi parte para uma temporada no mínimo diferente.
William, Éder, Lucas Loh, Alan e Sidão, além do técnico Rubinho. Esses são apenas alguns dos nomes de peso que não tiveram os contratos renovados e deixaram a equipe. Assim, o Sesi deu a largada para a temporada 2020/2021 nessa semana com um plantel recheado de caras novas, com muitos atletas ainda juvenis.
A principal referência dentro da quadra vai ser o campeão mundial e medalhista olímpico Murilo Endres, que aceitou uma redução salarial para permanecer na equipe. Permanecendo no time, ele terá também a oportunidade de passar por uma experiência diferente. Vai jogar junto com o sobrinho, Eric Endres, de 20 anos. O garoto é filho do campeão olímpico Gustavo Endres.
“É fantástico tê-lo aqui. Está acontecendo algo parecido com aquilo que eu passei. Quando eu comecei lá no Banespa, o meu irmão Gustavo já estava lá. Entrei na base e cheguei na equipe principal. Dividi a quadra com ele muitas vezes. É bem o que está rolando agora comigo e com o Eric. Na última temporada, ele não conseguiu entrar em um jogo, mas nessa temporada isso vai acontecer e será especial demais” comentou à Agência Brasil o atual líbero e ex-ponteiro.
O jovem Eric vai começar pela primeira vez na carreira uma Superliga no elenco principal e justamente na posição em que o tio fez muito sucesso, sendo considerado o melhor jogador do mundo em 2010. “Quando eu comecei a jogar, lá em Canoas (RS), ainda mirim, eles me colocaram como central por causa da minha altura. E, além de ser a posição do meu pai, eu achava muito chato ser central. Não gostava. Depois, já quando estava no infantil, eu comecei a treinar passe. E daí apareceu a chance em um jogo que a equipe estava sem ponteiro. Entrei, fui muito bem e não saí mais” disse o atleta gaúcho.
“O Murilo é fundamental no crescimento do Eric. Toda experiência que ele teve como ponteiro. Passe, defesa, ataque, bloqueio, saque. Ele fazia tudo muito bem. Hoje ele é líbero.Mas como ponteiro, o Murilo fez história e o Eric se espelha demais nele. Vê muitos vídeos e tudo. Estar nessa Superliga vai ser uma baita oportunidade para o meu filho. Jogar e conviver com grandes atletas vai ajudar no desenvolvimento dele como atleta e como pessoa”, falou o pai, Gustavo Endres, campeão olímpico em 2004 e prata em 2008.
Campeão olímpico no comando da equipe
No comando da jovem equipe do Sesi, também estará um estreante com técnico de times adultos, mas com muita história dentro das quadras. Marcelo Negrão, campeão olímpico nos Jogos de Barcelona, em 1992, e ex-técnico do time sub-19 do Sesi, vai encarar o primeiro desafio na Superliga.
“Sempre tive a consciência de que precisava conhecer mais do meu próprio esporte. Não é porque eu fui da seleção, campeão olímpico, que eu sei tudo. Por isso optei por começar justamente no mirim. Foi uma coisa minha. Implantando o meu método de treinos, e lembrando também das coisas que eu aprendi com Zé Roberto, Bebeto de Freitas, Bernardinho e muitos outros. Achei que era a atitude mais correta”, salientou à Agência Brasil, Marcelo Negrão, de 47 anos.
Para mostrar a confiança que tem no projeto, ele lembra de uma passagem que teve no início da carreira de atleta. “Olhando nos olhos deles, consigo ver algo parecido com o que ocorreu comigo. Fui lançado bem jovem lá no Banespa, com 15, 16 anos, pelo Josenildo de Carvalho. Com 17 já estava na seleção adulta. E com 19 já fui campeão olímpico. Vou fazer um trabalho para que eles não tenham lesões, mas percebo que eles tem uma estrutura física muito forte e com muito talento. É claro também tem o peso de substituir o Rubinho, que é um grande treinador, é uma situação bastante complicada. Respeito demais todo o trabalho feito por ele. Mas o Sesi vai seguir sendo muito bem representado”.
Gustavo Endres também aprova a atitude do Sesi de apostar na base e no trabalho do Marcelo Negrão. “Acredito que, no futuro próximo, muitos desses garotos estarão na Seleção. Jogando contra o Cruzeiro, Taubaté, Campinas, eles vão crescer demais. E o Negrão é um cara fantástico. Os meninos vão poder absorver muito conhecimento dele. Esteve junto no final daquela geração dos anos 1980, foi campeão olímpico. Joguei com ele no Banespa e na Seleção. Ele vai ajudar demais com certeza”, diz.
Para Negrão, a parceria com o Murilo será fundamental para que a equipe tenha sucesso. “No meu início de carreira, eu tive como ídolo o Montanaro. E cheguei a jogar junto com ele. Joguei também com o Amauri, que esteve com a gente lá em Barcelona na conquista do ouro. Eles sempre agiram de uma forma muito responsável e profissional. Serviram sempre de inspiração para os amantes do vôlei. E é esse papel que o Murilo vai desempenhar aqui nessa nova etapa do Sesi. Esses garotos estão no período de formação do caráter não só como atleta, mas como cidadãos. É o Murilo é um cara sensacional que vai ajudar muito o nosso time nesse lado também”, disse o comandante.
O atual líbero da equipe fala sobre as primeiras conversas que vem tendo com o novo treinador. “Ele está muito empolgado. Gosta demais desse trabalho com os jovens. Tem muito conhecimento. Eu também vou fazer o máximo possível para ajudar essa gurizada nessa transição da base para o profissional. Muitas vezes, os times mais fortes não conseguem dar tantas chances para os garotos. Mas nesse ano aqui no Sesi vai ser diferente. E espero que todos eles aproveitem.”
Vôlei: Sesi aposta em campeão olímpico e abre espaço para nova geração