07/07/2020 - 12:49
A CVC, companhia de turismo, ainda não conseguiu apresentar o informe de resultados do ano de 2019 e o do primeiro trimestre de 2020. O balanço segue atrasado devido a erros contábeis. Em comunicado hoje ao mercado, a empresa atualiza algumas informações, lembrando que os números identificados são provisórios e ainda serão auditados.
Quanto aos erros contábeis, a previsão de perda aumentou em relação ao que havia sido informado em 28 de fevereiro. O impacto até então estimado dos ajustes na receita líquida de vendas da Companhia era de R$ 250 milhões, considerando os exercícios sociais de 2015 a 2019, montante agora em R$ 350 milhões e inclui exercícios anteriores a esse período.
A CVC, entretanto, prevê que seja possível recuperar cerca de R$ 55 milhões em tributos pagos indevidamente. Os dados serão confirmados ao final do processo de auditoria e entrarão no balanço de 2019. A previsão é apresentá-lo até 31 de julho.
Os cancelamentos de viagens e bilhetes aéreos devido à crise do novo coronavírus levarão a companhia a um impairment (baixa de ativos) no demonstrativo do primeiro trimestre deste ano, devido à redução significativa nas operações e perspectivas para a retomada do setor de viagens e turismo. O valor é de cerca de R$ 475 milhões referentes a ativos intangíveis originados na aquisição de empresas, principalmente na Argentina e R$ 81 milhões em créditos de tributos diferidos relativos a prejuízos acumulados e diferenças temporárias “que, no atual cenário, dificilmente serão utilizados em um período razoável (embora possam ainda ser utilizados no futuro)”.
O volume de cancelamentos de viagens soma R$ 96 milhões até 30 de junho, os quais geraram perdas relativas a valores já pagos pela CVC e que não são recuperáveis (relacionados, por exemplo, a comissões e tarifas de cartões de crédito) de R$ 13 milhões, como explica em fato relevante. Além disso, há custos de R$ 3 milhões relativos a repatriação de passageiros durante a pandemia de covid19.
A inadimplência é de R$ 72 milhões em saldos em aberto a receber de clientes e franquias, o que a administração considera ser de baixa expectativa de recuperação. Também a CVC conta perdas relacionadas a contratos com fornecedores em créditos para utilização futura, de pagamentos antecipados e já efetuados (por exemplo, hotéis, companhias aéreas e navios) de cerca de R$ 16 milhões.
Atualmente, a operadora de turismo tem um saldo em torno de R$ 380 milhões com companhias aéreas, em bilhetes já pagos. Essa conta pode gerar perdas adicionais caso alguma companhia aérea encerre suas operações sem honrar ou transferir os bilhetes para outra aérea. “Todavia, não é possível no presente momento estimar o potencial de perda envolvido”, segundo o fato relevante, sem citar nomes.
A CVC reitera que pretende realizar uma operação de capitalização para fortalecer sua posição financeira diante da pandemia de covid-19. Diz que está em tratativas internas finais quanto aos termos e condições definitivos de uma operação nesse sentido.