13/08/2020 - 16:18
O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, informou que a capitalização da Eletronuclear para garantir a continuidade das obras da usina nuclear Angra 3 será de R$ 3,5 bilhões entre 2020 e 2021, e previu o lançamento do edital para contratar o EPCista do empreendimento em agosto de 2021.
Segundo o executivo, a previsão é de que a obra do EPCista comece em março de 2022. “A licitação de EPCista se mostrou o que melhor segrega risco e cria valor para Angra 3”, afirmou em evento online para comentar o balanço do segundo trimestre nesta quinta-feira, 13, quando a estatal teve lucro de R$ 4,5 bilhões, 17% abaixo do mesmo período do ano passado.
A contratação do EPCista, segundo Ferreira Jr., é a primeira etapa do processo de retomada da construção da usina, que começou a ser construída na década de 1980 e depois em 2009, quando a obra foi interrompida por envolvimento do seu dirigente em atos de corrupção deflagrados pela Operação Lava Jato.
A segunda etapa consiste na contratação de consultoria pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a realização de due dilligence e estruturação do funding para a entrada de sócios privados no projeto. Em paralelo, será tocado o já anunciado Plano de Aceleração do Caminho Crítico, para adiantar obras civis e montagem eletromecânica, informou o presidente da estatal.
Crescimento recorrente
O presidente da Eletrobras disse que a Receita Anual Permitida (RAP) do segmento de transmissão vai crescer, em bases recorrentes, 14% até o ciclo 2023/2024, passando dos atuais R$ 11,550 bilhões para R$ 13,183 bilhões.
De acordo com os dados apresentados pelo executivo na teleconferência de resultados do segundo trimestre de 2020, a revisão e reajustes tarifários dos ativos de transmissão em operação irão adicionar R$ 1,691 bilhão à RAP para o ciclo 2020/2021, sendo que R$ 918 milhões se referem à inclusão do Ke no cálculo de remuneração dos ativos.
Além disso, outros R$ 1,435 bilhão referentes à Parcela de Ajuste (PA) serão incorporados na RAP do ciclo 2020/2021. “De partida, vamos para uma RAP de R$ 14,676 bilhões”, disse o executivo. Nos ciclos subsequentes, os valores da RAP irão subir para R$ 14,737 bilhões (2021/2022) e R$ 14,766 bilhões (2022/2023). Com o fim da PA, a RAP da estatal federal irá recuar para R$ 13,183 bilhões no ciclo 2023/2024.
Ferreira Jr. destacou que a Eletrobras tem hoje 90 obras de grande porte em construção, com potencial de adicionar R$ 322 milhões à receita do segmento de transmissão. Esses empreendimentos totalizam R$ 2,21 bilhões em investimentos. “A relação RAP por investimento é da ordem de 15%”, acrescentou.
Judicialização dos contratos
Wilson Ferreira Junior afirmou que a companhia não teve nenhum dos seus contratos de venda no mercado livre judicializados, em razão dos impactos da pandemia do novo coronavírus entre os grandes consumidores de energia. “Não tivemos judicialização dos contratos e todas as renegociações foram realizadas sem impacto econômico para a companhia”, afirmou.
Atualmente, 66% da energia contratada do Grupo Eletrobras estão no mercado regulado das distribuidoras e 30%, no mercado livre. Apesar dos impactos da pandemia da covid-19, que provocou uma forte redução do consumo de energia em todo o País, a estatal federal não teve impacto significativo no faturamento dos seus contratos de venda.
“O portfólio 2/3 mercado regulado e 1/3 mercado livre foi muito positivo para a Eletrobras”, comentou o executivo. Ferreira Junior destacou que a companhia também não teve problemas no mercado regulado, muito em função das medidas adotadas pelo governo federal para injetar liquidez nas distribuidoras. “Essas medidas tiveram efeito positivo em manter o nível de inadimplência (das distribuidoras) em praticamente zero” comentou.
Na visão do executivo, a constituição da Conta-Covid, que irá injetar mais R$ 14,8 bilhões ao caixa das distribuidoras até o final do ano, será importante para manter o nível de adimplência em toda a cadeia do setor elétrico.