23/08/2020 - 9:47
A Squadra Investimentos afirma que reconhece o trabalho e os esforços da nova gestão do IRB Brasil Re para revisar estratégia, números e contratos anteriores do ressegurador, mas que ainda enxerga uma “ótima relação risco x retorno” para permanecer vendida nas ações da companhia. As afirmações estão em nova carta da gestora, enviada aos cotistas na sexta-feira (21). Entre outros pontos, o texto aponta que ainda há espaço para redução do patrimônio do IRB, em “sequelas dolorosas” do modelo de negócios adotado pela antiga cúpula da companhia.
A carta vem após outras duas, publicadas em fevereiro, e que questionavam a recorrência dos resultados do IRB e a rentabilidade apresentada pelo ressegurador ante seus pares internacionais em exercícios recentes. As missivas, que justificavam a posição short (vendida) da gestora nos papéis do IRB, desencadearam uma crise de credibilidade que culminaria na demissão da antiga cúpula e na republicação de balanços de exercícios anteriores. O resultado é que em 2020, as ações do IRB acumulam queda de cerca de 77%, a maior entre os papéis que compõem o Ibovespa.
De acordo com o novo texto, a nova gestão do IRB tem tomado decisões com o objetivo de gerar valor intrínseco para a empresa, e não de valorizar suas ações na B3 a curto prazo. Entretanto, a gestora também considera que boa parte da expansão do portfólio de riscos feita pela administração anterior deve ter “sequelas dolorosas” nos próximos anos, com perdas relevantes decorrentes da redução deste negócio.
“O IRB hoje se tornou uma empresa em que aproximadamente dois terços dos riscos retidos vêm do segmento internacional, um portfólio construído com incentivo integralmente voltado para crescimento”, afirma a Squadra. Para a gestora, o ressegurador deve optar por “encolher e reestruturar” seu portfólio internacional, com a extinção de contratos, o que levaria ao pagamento de sinistros contratados “sem nenhuma receita relacionada.”
A Squadra calcula que, considerando o preço das ações do IRB na sexta (R$ 8,21) e o aumento de capital de mais de R$ 2 bilhões levado a cabo pela companhia para adequar seu nível de ativos às exigências regulatórias, a empresa negocia a 1,8 vez seu patrimônio líquido. A gestora vê o IRB diante de um “respeitável desafio” para rentabilizar seu patrimônio.
A carta também destaca que as reavaliações sobre as práticas da gestão anterior ainda estão em curso, e que no balanço atual, ainda chamam atenção os montantes elevados de prêmios ganhos não caixa e os recebíveis referentes a prêmios estimados, além de créditos a receber de centenas de milhões de reais reconhecidos originalmente como expectativas de salvados e ressarcimentos.
A Squadra afirma, por fim, que o IRB carrega um alto volume de créditos fiscais decorrentes de prejuízos acumulados de operações como a de Londres, “desativada há mais de 30 anos.”