O teto de gastos, mecanismo que limita o avanço das despesas à inflação, é um importante instrumento para evitar que a curva de juros tenha uma forte inclinação, inibindo o crédito, disse nesta quarta-feira, 11, o diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Souza.

Em evento promovido pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras), Souza mostrou a inclinação da curva de juros de longo prazo diante de maiores incertezas trazidas pela pandemia da covid-19. Nesse contexto, ele destacou a importância de manter a solidez da política fiscal. A inflação, por sua vez, se mantém “plenamente ancorada” no horizonte até 2023, destacou.

Segundo o diretor, o cenário atual se mantém positivo para o crédito. Ele disse ainda que o ambiente de baixas taxas de juros no mundo deve se manter. “O Brasil pode se beneficiar da maior liquidez e atrair investimentos”, disse.

Souza ressaltou que o sistema financeiro “vai conseguir suportar bem a crise” e disse que as cooperativas “cumprem papel relevante para a economia e a estabilidade financeira”. “Não temos dúvida da resiliência das cooperativas”, afirmou.

No primeiro semestre do ano, o BC teve a atuação criticada porque o crédito permanecia travado, apesar de medidas para ampliar a liquidez nos bancos. Hoje, o diretor explicou que “muitas pessoas confundem o papel do Banco Central”. Segundo ele, cabe à autoridade monetária usar seus instrumentos para incentivar a concessão de crédito, “mas a decisão de emprestar é do gestor”.

Pix

De acordo com o diretor do BC, o sistema financeiro vai “perder um pouco de renda” com o lançamento do Pix, sistema de pagamento instantâneo do BC que vai diminuir o custo de transações para a população.

“O sistema financeiro vai perder um pouco de renda (com Pix), mas vai ganhar oportunidades de negócio”, defendeu.