Em um dos julgamentos mais esperados deste ano, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve impor restrições nesta quarta-feira, 18, à compra da Liquigás, empresa de gás de cozinha da Petrobras, por um consórcio liderado pela Copagaz e Itaúsa, braço de investimentos do Itaú Unibanco. O negócio foi anunciado no fim do ano passado por R$ 3,7 bilhões.

Segundo o Estadão/Broadcast apurou, a tendência é que, para aprovar a operação, o Cade feche um acordo pelo qual a Copagaz e a Nacional, que também integra o consórcio, terão de vender ativos para empresas menores. Além disso, a Copagaz ficará com a marca Liquigás e repassará para concorrentes marcas secundárias detidas pela empresa da Petrobras, como Tropigás e Novogás.

A proposta de acordo será levada hoje ao tribunal do Cade pelo conselheiro Maurício Bandeira Maia, relator do caso, e ainda passará pelo crivo dos demais integrantes do tribunal. Procurado, o consórcio liderado pela Copagaz/Itaúsa não quis comentar o assunto.

A ideia do entendimento negociado pelo conselho é dividir os ativos da Liquigás entre as empresas de forma que a concentração de mercado resultante possa, ainda, gerar concorrência nesse setor, que é considerado concentrado.

Em 2018, o Cade barrou a primeira tentativa da Petrobras de se desfazer da Liquigás, segunda maior empresa de gás GLP do país, para a líder de mercado Ultragaz. A avaliação foi que o negócio criaria uma gigante e prejudicaria a competição.

Participação

Temendo novo revés no Cade, Copagaz e Liquigás desenharam agora a operação de forma a reduzir o controle de mercado que seria detido pela primeira empresa em cada Estado. Pela proposta inicial, considerada insuficiente pelo conselho, a Copagaz/Itaúsa ficaria com 79% dos ativos da Liquigás, a Nacional com 20% e a Fogás com 1%. As restrições impostas pelo Cade devem mudar essa participação, aumentando a fatia da Fogás e reduzindo a das outras duas empresas.

Apesar de a Copagaz ter cerca de 10% do mercado nacional, a análise do Cade considerou que a participação da empresa pode ser muito alta em determinados Estados, o que levou o conselho a negociar um repasse maior de ativos para a pequena Fogás, como forma de criar um concorrente adicional nos mercados mais preocupantes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.