21/02/2014 - 17:12
Daqui a 10 anos, o setor agropecuário do Brasil deverá produzir o suficiente para abastecer anualmente 200 milhões de brasileiros e gerar excedentes exportáveis para cerca de 200 países. Esse foi o cenário traçado pelo Ministério da Agricultura no estudo “Projeções do Agronegócio 2012/13 – 2022/23”. O documento divulgado pelo órgão ressalta que esses números serão alcançados com investimento em tecnologia, ampliação da produtividade e levando em consideração a sustentabilidade ambiental.
Esse panorama, claro, foi desenhado com base em um cenário otimista do futuro. De qualquer forma, para que ele se concretize, alguns pontos cruciais citados no relatório devem ser levados muito a sério, principalmente o que destaca o uso de tecnologias para aumentar a produtividade. No entanto, apenas isso não basta. O segmento do agronegócio possui um fator intrínseco ao seu surgimento que compromete as expectativas do governo: a tradição familiar.
É fato que a grande maioria dos produtores inicia sua plantação ou criação de maneira artesanal e conta com o auxílio da família para realizar o trabalho. O problema é que a partir do momento em que a demanda pelos seus produtos cresce, os processos e a mão de obra não acompanham o mesmo ritmo. Deste modo, o perfil de produção familiar, sem planejamento e estratégia, mina as chances de crescimento e aumento da produtividade.
Em um país em que o montante produzido no setor da agropecuária é oriundo de fontes capilarizadas, sobretudo dos pequenos e médios produtores, é importante que ações sejam tomadas para que a quantidade e a qualidade de produtos aumentem com o passar dos anos, pelo menos na mesma taxa que a densidade demográfica do planeta, já que o Brasil é uma das principais fontes de alimento do mundo.
Os grandes produtores já perceberam a importância do aprimoramento dos seus processos para ganharem velocidade, qualidade e quantidade na produção. Esses, geralmente, contam com o auxílio de profissionais especializados em gestão e administração de negócios e que prestam consultorias, sempre procurando tapar o gargalo por onde escoa o crescimento.
Os consultores empresariais, apesar de serem menos comuns atuando no setor da agropecuária, estão tendo uma penetração maior neste setor nos últimos anos. Isso se deve ao fato de que o mercado já se deu conta de que com ajuda profissional e ajustes na gestão é possível ampliar a produção sem que os gastos sejam muito altos. Nas consultorias empresarias também é possível avaliar a necessidade de compra de equipamentos, treinamento da equipe e, principalmente, qual a melhor forma de distribuição, um dos principais problemas para quem produz.
Outro fator que influencia o modo de produção é a falta de conhecimento em relação ao que a concorrência está fazendo. O estudo de mercado, muito comum antes e durante a abertura de qualquer negócio, é uma ferramenta muito útil para evitar prejuízos, direcionar o negócio e guiar a estão de maneira eficiente. Apesar disso, essa prática ainda é pouco comum quando inserida no contexto do campo.
Portanto, para que as metas estabelecidas pelo governo para o ano de 2023 sejam atingidas é necessário profissionalizar a gestão no campo para que ela tenha o mesmo nível de precisão da utilizada nas indústrias. Para isso, o próprio poder público deve manter a ampliar incentivos de crédito para a compra de máquinas e equipamentos e apoiar também os produtores que pretendem investir em políticas para expandir sua eficiência.