11/02/2016 - 13:48
Os números não estão fechados, mas tudo indica que a economia brasileira deva encolher em torno de 3% em 2015. Somente o setor de cervejas terá uma redução estimada de 2%, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil). Nesse mar revolto, como crescer e manter o barco em curso para uma retomada? A Ambev – dona das marcas Skol, Brahma e Antarctica – parece que sabe a resposta. A companhia, a mais valiosa em valor de mercado no Brasil, foi eleita como a melhor no setor de bebidas pelo prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2015.
Para o presidente da Ambev, o engenheiro Bernardo Paiva, o segredo está no tripé da empresa, que se mantém desde a sua fundação. “Temos sonhos, investimos e acreditamos em gente para preservar a nossa cultura”, diz o engenheiro, que, no começo de sua carreira, na Brahma, arregaçou as mangas e foi vender cervejas em uma favela carioca. “Fiz, naquela época, o que é essência da Ambev hoje: gastar sola de sapato para ver a operação e entender nosso cliente.”
No último balanço divulgado, somente as operações no Brasil tiveram um lucro, de janeiro a setembro, de R$ 8,9 bilhões, uma alta de 12,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em consumo, a Ambev vendeu no País, nos nove primeiros meses de 2015, 81,6 milhões de hectolitros em bebidas, uma queda de 2,3% em relação ao mesmo período de 2014. Menor consumo em tempos de crise não é privilégio da Ambev. A rival Heineken, a terceira maior cervejaria do mundo, também padece no País. “No curto prazo a situação é ruim, diria terrível. Mas o Brasil vai sair mais rapidamente da crise, por exemplo, do que a Europa”, afirma Didier Drebosse, presidente da Heineken no Brasil. Engrossa o coro da Heineken o presidente da Brasil Kirin, André Salles, fabricante da cerveja Schin, entre outras. Para ele, a crise no setor também é passageira, mas poderia ser suavizada pelo governo com impostos menos salgados. “Hoje, ao comprar uma garrafa de cerveja, o consumidor paga 55,6% de impostos. Quer dizer, os impostos custam mais que o produto em si”, afirma Salles.
Apesar da carga tributária alta, empresas como a Ambev decidiram manter um rígido controle de custos e margens mais estreitas nesse ano. O vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores da Ambev, Nelson Jamel, diz que, em relação aos preços, a companhia tem por política reajustar no varejo sempre alinhada com a inflação. No acumulado de janeiro a setembro de 2015, a inflação da cerveja (5,9%) ficou abaixo da inflação geral (7,6%) medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). “Além disso, faz parte de nossa estratégia, investir cada vez mais na ampliação do portfólio de embalagens mais econômicas e mais acessíveis aos consumidores, como as garrafas de vidro retornáveis e as garrafas retornáveis de um litro”, afirma Jamel.
A estratégia da Ambev para afugentar a crise em 2015 não é diferente das demais. “Crise é para quem não trabalha. Nós fabricamos alegria para o mundo, que é cerveja”, afirma Walter Faria, presidente do Grupo Petrópolis. Ele confirma o que o setor, e particularmente a Ambev, está fazendo para driblar os problemas: diversificação de produtos, principalmente no segmento premium, investimentos em públicos jovens e ações promocionais. Jamel, da Ambev, lembra que a estratégia de novos produtos no mercado proporcionou recentemente o surgimento da Skol Ultra, Brahma 0,0% e Skol Beats Senses. A Skol Ultra, relata o executivo, foi pensada para atender o consumidor que está em constante movimento, buscando equilíbrio em uma vida ativa, sem abrir mão do prazer de beber cerveja. A cerveja é a primeira do mercado brasileiro puro malte, com menos calorias e carboidratos (99 Kcal em 310 ml). Já a Brahma 0% foi elaborada para atender aos que nem sempre podem ou não querem ingerir álcool. O produto, lançado em 2013, é líder do mercado de cervejas sem álcool.