, é diretor do Grupo Agropalma, maior produtor de óleo de palma da América Latina.

 

O município de Tailândia, situado no leste do estado do Pará, ganhou recentemente os holofotes da mídia após o início de operações da Polícia Federal para combater o desmatamento em virtude do desmantelamento de uma quadrilha. De uma hora para outra, a pequena cidade de pouco mais de 64 mil habitantes se transformou no símbolo da devastação da Amazônia. Mas, o que poucos sabem, é que a região também abriga iniciativas em prol da preservação ambiental, que merecem tanto destaque quanto foi dado à exploração ilegal de madeira.

Cerca de 70% da economia de Tailândia giram em torno das madeireiras e carvoarias. Estima-se que tais atividades tenham resultado na perda de 60% da cobertura vegetal da cidade, que está inserida no chamado Arco do Desmatamento, região mais ameaçada da Amazônia Legal.

O desafio é garantir a preservação das poucas áreas de floresta que ainda restam e, ao mesmo tempo, proporcionar aos brasileiros que ali vivem uma fonte de renda alternativa. Nesse sentido, Tailândia também é um bom exemplo a ser seguido.

Existem na região reservas florestais com mais de 60 mil hectares mantidas pela iniciativa privada e monitoradas por respeitadas instituições científicas como é o caso da ONG Conservação Internacional e do departamento de Ornitologia da USP. Nessas áreas foram identificadas quase 400 espécies de aves e mamíferos de médio e grande portes, dentre elas 12 ameaçadas de extinção.

PALMA PLANTADA: uma das opções sustentáveis para a Amazônia, região sem diversificação econômica

Em paralelo, o plantio da palma se apresenta como uma alternativa para o reflorestamento de parte das áreas devastadas. Por ser uma cultura perene (com ciclo médio de produção entre 25 e 30 anos), o cultivo da palma permite fazer com que o solo dessas regiões volte a reconstituir uma cobertura vegetal o mais semelhante possível da original.

Nesse sentido, já foram reflorestados mais de 12,5 mil hectares, iniciativa que também traz benefícios para a comunidade, já que essa cultura vem sendo também aplicada em programas de incentivo à agricultura familiar.

Citado como case de sucesso até mesmo em publicações da Universidade de Harvard, o Projeto de Agricultura Familiar do Dendê, criado há cinco anos, já beneficia mais de uma centena de famílias que abandonaram a exploração ilegal de madeira, a produção de carvão e, com a produção da palma, garantem uma renda média superior a R$ 1.000,00 por mês. Além dessas famílias, outras 21 mil pessoas que vivem não só em Tailândia, mas também nas circunvizinhanças, têm se beneficiado direta e indiretamente do plantio da palma.

Foi também a cadeia da palma -plantio e produção de óleo para o abastecimento dos mercados nacional e internacional- que permitiu o desenvolvimento de uma infra-estrutura de apoio na região, com a instalação de energia elétrica, abastecimento de água, assistência médica, criação de malha viária e até a construção de residências. Medidas que vêm gerando receita e proporcionando melhoria de vida aos trabalhadores. O plantio da palma vem ainda colaborando para melhorar a qualificação da mão-de-obra, minimizando assim a busca por profissionais de outras cidades e estados. Nesse sentido, é possível citar iniciativas como escolas implantadas pela iniciativa privada para as famílias dos palmares, além de convênios que têm permitido que esses trabalhadores freqüentem a faculdade no próprio local de trabalho.

Como se vê, há muito a ser combatido em Tailândia, mas também é possível ter orgulho de iniciativas sérias e responsáveis. Uma situação tão contrastante quanto o próprio país que a abriga.

“Existem casos interessantes de sucesso na

região do arco do desmatamento”