01/01/2010 - 0:00
Parceria que deu certo: Grolli, da Coopavel, e Machado, da Marel, comemoram os resultados da tecnologia
E 600 milhões é o faturamento da companhia, que vê o Brasil como Pa ís estratégico
Depois do processo de internacionalização, fusões e aquisições de empresas como Brasil Foods, JBS Friboi e Marfrig, ninguém duvida da importância do Brasil no mercado mundial de alimentos. Atenta a essa realidade, a islandesa Marel, empresa de máquinas de classificação e porcionamento de carnes, que aterrissou no País em 1994, está mirando as cooperativas para expandir sua atuação na avicultura nacional.
Uma das líderes no setor avícola, a Marel está aproveitando o processo de modernização das cooperativas para crescer ainda mais. Um dos primeiros acordos foi fechado com a Coopavel Cooperativa
Agroindustrial, que investiu R$ 60 milhões para a construção de um novo frigorífico com capacidade de abater 150 mil aves por dia. “Investimos R$ 4,5 milhões nas máquinas classificadoras e porcionadoras da Marel porque nosso objetivo vai além de transformar proteína em carne. Queremos agregar valor ao produto”, diz Dilvo Grolli, presidente da Coopavel.
Com o maquinário, a Coopavel agrega valor àquilo que antes era considerado sobra. Em outras palavras, o equipamento faz a combinação matemática dos pedaços de frangos para que deem um determinado peso. Antes este processo era feito manualmente e, em geral, os pacotes saíam com um sobrepeso de 50 a 200 gramas.
“Hoje, o que passa pela máquina e ela não encontra uma combinação é desviado para outro produto”, diz Marcelo Machado, gerente da Marel para o Mercosul. Este outro produto é o kakugiri, cubos de coxa ou sobrecoxa de frango desossados muito apreciados pelos japoneses. Eles são obtidos por meio da máquina de porcionamento, que corta os pedaços em gramaturas prefixadas.
Esta máquina foi desenvolvida especialmente para o Brasil e mudou o preço do produto no mercado internacional, por causa da redução do custo de produção”, diz Machado. Para Grolli, a maior vantagem da tecnologia é garantir produtividade e escala.
“As máquinas aumentam o rendimento e reduzem o manuseio da carne, o que favorece a qualidade e diminui a probabilidade de contaminação, prolongando o tempo de prateleira”, diz o presidente. Outro ganho é a precisão, o que acaba com o “give away”, aqueles gramas a mais que eram colocados nos pacotes.
Além disso, a tecnologia substitui o trabalho de 80 funcionários. “Isso também é bom, porque está cada dia mais difícil encontrar pessoas que queiram fazer este tipo de serviço”, diz Grolli. Assim como a Coopavel, outras cooperativas estão seguindo a tendência de agregar valor ao produto ave.
Só no oeste paranaense, contando com a Coopavel, são sete e juntas elas deverão abater 1,6 milhão de aves/dia daqui a dois anos. Não é à toa que o mercado avícola brasileiro é o carro-chefe da Marel no segmento no mundo.
Empresa de capital aberto, com um faturamento anual de 600 milhões de euros, ela vê o Brasil de forma estratégica.”O Brasil é o único país que vem crescendo 20% ao ano. Nos outros, o crescimento tem sido por aquisições”, diz Machado. E, pelo visto, as cooperativas são a fórmula para reforçar ainda mais o desempenho.
Sobras que fazem a diferença
Até pouco tempo atrás, era comum o consumidor comprar o frango inteiro. Hoje a realidade é outra. A vida corrida deixou os clientes exigentes. Eles não se importam em pagar mais, mas querem cortes selecionados. Isso levou a Marel a desenvolver máquinas classificadoras e porcionadoras de cortes.
As primeiras têm um dispositivo que faz a combinação matemática dos pedaços de frangos para formar determinado peso. Uma vez atingidos os quilos desejados, uma luz vermelha é acesa e a bandeja com as peças de frango se desloca em direção ao funcionário (foto 1) que embala o produto (foto 4). Já as porcionadoras cortam a carne da coxa e sobrecoxa (fotos 2 e 3), partes que nos EUA são tidas como resto, em cubos de gramatura prefixada.
O produto muito apreciado pelos asiáticos tem o nome de kakugiri e um alto valor agregado. A maior vantagem da tecnologia é eliminar o “give away”, aqueles gramas a mais que, quando o processo era manual, eram colocados nos pacotes. Ganha-se também em qualidade, porque diminui o manuseio da carne.