01/11/2010 - 0:00
Reinaldo B|onnecarrere: O técnico em desenvolvimento de produtos da Basf irá trabalhar com pesquisadores brasileiros Rev_
O bom momento do mercado brasileiro tanto de defensivos agrícolas quanto de produtos geneticamente modificados tem colocado o País como a grande vedete das gigantes multinacionais que disputam esse acirrado e lucrativo segmento. Uma das provas dessa tendência está na recente visita de praticamente toda a cúpula de comando da alemã Basf à cidade de Santo Antônio da Posse (SP). Na ocasião, a empresa inaugurava as novas instalações de seu centro de pesquisa, o mais moderno da América Latina, localizado na região. Sob o calor escaldante, típico do interior paulista, reuniram-se presidentes, diretores e pesquisadores de várias regiões do mundo. Mas a cerimônia não foi o único motivo para reunir no Brasil o alto escalão da empresa. Ali também eram discutidos os detalhes do projeto que pretende ampliar as pesquisas e o desenvolvimento de produtos no País. Trata-se do programa Open Innovation (Inovação Aberta, numa tradução livre). Um modelo que prevê acordos para pesquisas em parceria com universidades, centros de pesquisas, cooperativas e cientistas, para o desenvolvimento de novas tecnologias. “É um conceito moderno pelo qual a empresa pode patrocinar uma pesquisa e depois adquirir seus royalties ou formalizar parcerias para a compra de outros produtos”, explica o presidente da Basf para a América do Sul, Alfred Hackenberger.
O modelo, tido como grande aposta da empresa para avançar no mercado brasileiro, funciona com vários tipos de parcerias. No mais comum, a empresa patrocina um estudo e auxilia o pesquisador a adquirir a patente da tecnologia e depois adquire os direitos aos royalties. “Todos os termos são discutidos antes de firmar o acordo. É essencial chegar ao acordo de propriedade intelectual para manter a parceria”, diz o presidente.
No Brasil a notícia vem sendo bem recebida entre cientistas e pesquisadores, que acreditam que a iniciativa pode acelerar a pesquisa brasileira. Afinal, globalmente, a companhia cujo último faturamento fechou em 50 bilhões, sendo
1,2 bilhão no Brasil, já investe cerca de
2 milhões por dia em novas pesquisas. Uma cifra exorbitante que superam em muito o orçamento brasileiro destinada a essa área. “É sem dúvida um modelo interessante.
Boas ideias geradas em centros de pesquisas precisam de apoio de empresas como a Basf para sair do papel. Isso pode ajudar no desenvolvimento de novas tecnologias”, conta o gerente do laboratório JM Bioanalises, Junior Cesar Modesto. O laboratório foi o primeiro no Brasil a firmar uma parceria nos moldes do Open Innovation com a Basf. “Fizemos um estudo sobre a aplicação de um defensivo em videira para o aumento de aminoácido da planta, o que ajuda no seu desenvolvimento e eleva sua produtividade”, diz o pesquisador. Ele garante que o acordo é vantajoso. “A empresa apoiou o estudo e hoje temos a patente em parceria”, explica.
Já para o supervisor técnico da cooperativa gaúcha Cotripal, o modelo traz vantagens comerciais. Há um ano a cooperativa faz um experimento em suas áreas de trigo com o objetivo de demonstrar que o uso de um determinado fungicida da Basf poderia influenciar no ganho de qualidade do cereal. “O resultado da pesquisa foi positivo e a empresa pôde patentear essa aplicação. Nós cedemos a patente e temos uma relação comercial diferenciada com a empresa, que envolve auxilio técnico e melhores negociações.”
De olho no futuro: a empresa investe cerca de dois milhões de euros por dia em pesquisas agrícolas
Evolução: foco é desenvolver variedades transgênicas e avançar nesse segmento
Parcerias: para pesquisadores, modelo pode acelerar novas tecnologias
Por parte da empresa a expectativa é de que o modelo ajude no desenvolvimento de tecnologias que atendam às necessidades específicas de determinadas regiões. “O trabalho com pesquisadores brasileiros ajudará no desenvolvimento de produtos sob medida para cada região”, opina o técnico em desenvolvimento de produtos da Basf, Reinaldo Bonnecarrere.
Para o vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento mundial, Christoph Wegner, o Brasil possui potencial para ser, em breve, um importante exportador de tecnologias. “Antes, todas as novidades vinham do mundo para o Brasil. Hoje o mundo está atento para o que está sendo feito no País”, finaliza.
Christoph Wegner: Brasil irá desenvolver tecnologias para o resto do mundo
Alfred Hackenberger: presidente aposta em conceito para crescer no mercado brasileiro
Eduardo Savanachi, de Santo Antônio da Posse (SP)