01/06/2011 - 0:00
Frísia Alimentos é o nome de uma nova marca de produtos lácteos que chegará às gôndolas dos supermercados a partir do próximo mês de novembro. A novidade vem pelas mãos da Batavo Cooperativa Agroindustrial, com sede em Carambeí (PR). O retorno ao mercado tem por objetivo desvincular de vez a cooperativa da imagem da marca Batavo, que atualmente integra o portfólio da gigante Brasil Foods, formada pela fusão da Perdigão e da Sadia. O maior desafio dos 545 cooperados, que produzem 100 milhões de litros de leite por ano, será o de acertar a mão em uma receita que não funcionou no passado, e que obrigou a Batavo a vender 51% de seu capital para a italiana Parmalat, em 1998. Nessa época, a marca já havia perdido espaço ao se tornar grande demais para atuar em âmbito regional, mas ainda pequena para disputar o mercado nacional. “O retorno à atividade industrial dará mais segurança à comercialização da produção de nossos cooperados”, diz Renato João de Castro Greidanus, presidente da Batavo Cooperativa.
“Nosso potencial é a matéria-prima
de melhor qualidade.”
Renato Greidanus presidente da Batavo Cooperativa
O início das operações será em agosto, após o investimento, na casa dos R$ 60 milhões, na construção de uma nova fábrica, localizada no município vizinho de Ponta Grossa. Com capacidade instalada de 108 milhões de litros de leite, no primeiro ano de funcionamento, a meta é a industrialização e o processamento de leite concentrado de outras empresas do ramo lácteo, entre elas a catarinense Tirol, para a qual será produzido leite condensado.
Desafio: associados querem industrializar o próprio leite e agregar valor no processo
Em relação à captação dos 100 milhões de litros de leite das fazendas cooperadas, a proposta é avançar de forma gradual. “Nosso potencial é a matériaprima de melhor qualidade, ponto de partida para a fabricação de derivados de leite de excelência, em um futuro próximo”, diz Greidanus. Atualmente, os cooperados destinam a produção a várias empresas do setor e não mantêm ligação com a Brasil Foods.
A volta ao mercado possibilitará à cooperativa agregar valor ao leite, acreditam os produtores. “Não queremos que o nosso leite seja apenas mais uma commoditie”, diz Maurício de Castro Greidanus, proprietário da Fazenda Frank’ Anna, de Carambeí, que produz 14 mil litros por dia, a partir de 450 vacas holandesas na ordenha, com um faturamento de R$ 4,3 milhões, no ano passado.
Cooperados: Maurício Greidanus (à esq.) e Gaspar de Geus (à dir.) esperam o fortalecimento da cooperativa no mercado
Mas nem só de leite vive a Cooperativa Batavo, apesar de o nome ser mais identificado ao produto, ao longo de seus 85 anos de existência. Nos últimos tempos, o carrochefe nos negócios tem sido os grãos, quadro que os associados desejam mudar. “Principalmente pela aptidão da região e do perfil de nossos cooperados, que têm no DN A a cultura da produção leiteira”, diz Gaspar João de Geus, vice-presidente da Batavo. Associado há mais de 30 anos à cooperativa, de Geus vê com bons olhos o retorno ao varejo. “Ao longo do tempo houve uma perda de espaço que precisa ser recuperada.” Detalhe: a despeito do apoio à virada estratégica, de Geus, dono de uma área de 1.800 hectares, na região, não produz um só litro de leite para comercialização. Toda a propriedade é destinada ao cultivo de soja, feijão, milho, trigo e aveia.
Assim como o nome Batavo rendia tributo aos primeiros imigrantes holandeses que aportaram no Paraná, Frísia é uma homenagem aos pioneiros que trouxeram da província de Frísia, na Holanda, animais de genética apurada.
Além do leite e de 780 mil toneladas de grãos, os cooperados produzem, anualmente, 10 mil toneladas de carne suína. Com isso, as receitas da Batavo chegaram a R$ 680 milhões em 2010. Para este ano, a previsão é obter um crescimento de 17% nas vendas, o que deverá gerar um faturamento de R$ 800 milhões. A Batavo Cooperativa atua em cerca de 27 municípios do Paraná, com entrepostos em bacias produtoras como as de Ponta Grossa, Tibagi, Imbaú, Imbituva, Teixeira Soares, além de postos de atendimento. A importância da capilaridade está na prestação de serviços aos cooperados, que compram por ano 480 mil sacas de sementes e mais de 200 mil toneladas de ração animal.