01/01/2010 - 0:00
Raphael Juan: algoritmos possibilitam melhor identificação de oportunidades e a realização de operações simultâneas
Algoritmos: a palavra pode parecer estranha, mas seu significado é bastante conhecido no mercado de capitais e na matemática, onde é definido como forma de geração dos números. Também pode-se definir algoritmo como sequências de ordens ou procedimentos finitos. O que está em funcionamento no caso da bolsa de valores é o Algoritmo 2.0, utilizado na compra ou venda de ações.
Largamente usado por corretoras nos Estados Unidos e Europa, o modelo aterrissou recentemente na BM&F e segundo a CMA, empresa que adaptou o sistema para a “bolsa rural”, os usuários que optarem por navegar nesse mundo de bits e bytes podem ganhar agilidade.
“É uma ferramenta capaz de identificar oportunidades no mercado e aproveitá- las em milissegundos, o que é impossível para um humano à frente da operação”, diz Raphael Juan, gerente de produtos da CMA. Aos novatos, porém, Juan sugere: “É recomendável procurar a orientação de sua corretora.
Inclusive o investidor pode solicitar a ela que realize estas operações através da ferramenta”. Já para os habituados às operações é possível monitorar o sistema direto do escritório ou da fazenda. Basta ter no computador uma plataforma para acompanhar o mercado em tempo real e gerenciar as ordens por meio do Algoritmo 2.0.
Os valores de fechamento são negociados diretamente com a corretora que acessa o sistema e autoriza a operação de acordo com o solicitado. A ferramenta vem conquistando cada vez mais adeptos, principalmente nos Estados Unidos (EUA). Diego Perfumo é analista da Equity Research Desk, especializada na análise de empresas relacionadas ao mercado global de capitais e com escritórios nos EUA, Europa e América Latina.
Segundo ele, esse sistema corresponde atualmente a 50% do volume de mercados financeiros como na Bolsa de Nova York ou Nasdaq e tende a aumentar. Nos Estados Unidos, sistemas operacionais automáticos ou HFT (High Frequency Trading) operam em 66% do volume negociado no mercado à vista e 40% no mercado futuro.
Por aqui a tecnologia é responsável por apenas 6% do volume total de operações na BM&FBovespa. Mas Juan espera que seja por pouco tempo. “Nos próximos anos será possível estar presente em 50% do mercado-alvo com essa plataforma na BM&FBovespa”. Ao que parece, a tecnologia chega para facilitar a vida dos operadores e garantir maior precisão nas negociações.
Todas essas vantagens têm um custo baixo, já que o valor mensal da licença gira em torno de R$ 1.500. Uma despesa pequena, se comparada às possibilidades de ganho, como exemplifica Juan: “Uma operação com um algoritmo que procure realizar um preço médio melhor que o preço do mercado proporciona um ganho de centavos por transação, o que gera um lucro de milhões dependendo do volume da operação”.
O sistema também possibilita a identificação de oportunidades e a realização de operações simultâneas para os clientes. “Tudo isso se converte em redução de processos manuais e diminuição de erros humanos, gerando aumento na produtividade, no nível de segurança operacional e na eficiência dos negócios, dando maior lucro à empresa”, constata Juan.
Já para Perfumo, a garantia de anonimato, a rapidez e eficiência formam o tripé da ferramenta, que, “aumenta as chances de lucro, reduzindo o impacto no mercado e os custos de negociação”.