US$ 3,7 BILHÕES é o valor negociado diariamente na Bolsa de Valores de São Paulo

O momento pode não ser dos melhores, mas a BM&FBovespa segue em busca de novos investidores. E o alvo da vez está nas lavouras brasileiras, ou seja, os produtores rurais. Vistos como um público com grande potencial para investimentos, eles vêm recebendo uma atenção toda especial por parte dos executivos da Bolsa de Valores. Prova disso foi o lançamento do “BM&FBovespa vai ao campo”, programa que visa explicar aos agricultores as vantagens e os riscos de se aventurar no instável mercado financeiro.

“Vamos visitar as principais capitais do agronegócio brasileiro mostrando opções de investimento até então desconhecidas da maioria dos produtores rurais. É um projeto de desmistificação da bolsa”, explica Ivan Wedekin, diretor de Commodities da BM&FBovespa. “A bolsa está cada vez mais presente na vida do brasileiro. O produtor rural não pode ficar de fora”, continua o executivo.

Antes restrito aos especialistas, o mercado de ações no Brasil vem crescendo assustadoramente nos últimos anos. Em 2002 eram menos de US$ 200 milhões negociados diariamente. Hoje, este número está próximo dos US$ 3,7 bilhões, o que faz da BM&FBovespa a terceira maior bolsa de Valores do mundo. E, para seguir seu ritmo de expansão, a bolsa quer atrair o dinheiro do agronegócio brasileiro. Mas acredite: esta não será uma tarefa fácil.

Mesmo demonstrando interesse no assunto, muitos produtores ainda estão receosos, principalmente após o momento de instabilidade vivido pelos principais pregões mundo afora. Para eles, o melhor investimento ainda é a compra de novas terras.

“Ainda não me sobrou nenhum dinheiro para aplicar na bolsa. Tudo o que ganho, invisto em terras, que é o que paga as minhas contas. É preciso ter os pés no chão nesta hora”, afirma o produtor de grãos Gabriel Jort, que participou de um ciclo de palestras promovido pela BM&FBovespa em Campo Mourão (PR).

De acordo com Jort, o mercado financeiro ainda está muito distante da realidade do homem do campo. “Nosso negócio é cuidar de trator, colheitadeira, semente. Somos inexperientes na bolsa. Temos que ser orientados para não perder dinheiro. Daqui em diante vamos ter que nos adaptar”, completa.

Assim como ele, muitos produtores já vêem a Bolsa como uma boa opção de investimento. Ainda mais em tempos de baixa nos preços das ações, segundo especialistas, o momento é o ideal para quem deseja entrar no mercado financeiro. É arriscado? Sem dúvida. Mas os resultados acumulados nos últimos anos provam que a bolsa pode, sim, ser um bom negócio.

Nicholas Vital, de Campo Mourão (PR)