Os motoristas que trafegam pela rodovia Santos Dumont, na altura de Indaiatuba, na região de Campinas, no interior  de São Paulo, dificilmente deixarão de perceber a grande quantidade de máquinas amarelas de diversos formatos e tamanhos, expostas à margem da estrada, próximas do quilômetro 60. Trata-se da recém-inaugurada sede da Veneza Equipamentos, estrategicamente posicionada no meio do caminho de 13 quilômetros entre o Aeroporto Internacional de Viracopos  e uma das fábricas da empresa americana de máquinas agrícolas e de construção John Deere no País. A relação
entre as duas companhias é estreita. A Veneza Equipamentos é um dos braços do  grupo pernambucano Veneza, do empresário José Marcos Melo, dono de um faturamento anual de R$ 5 bilhões. Tendo surgido, no começo dos anos 1980, na distribuição de peças em Natal e Recife, o conglomerado é hoje uma das maiores organizações empresariais do Nordeste, com diversos negócios no mundo das rodas e esteiras, como concessionárias de automóveis de diversas marcas, além de ônibus e caminhões Volkswagen. A divisão de equipamentos está voltada à distribuição de máquinas da John Deere. No Nordeste, ela tem direito à comercialização de máquinas agrícolas e de construção da marca americana. Em São Paulo, as vendas se restringem aos equipamentos de construção.

“Temos o mercado potencial de 40% das vendas de John Deere no Brasil”, diz Marcelo Traldi, diretor de operações da Veneza Equipamentos, recrutado na John Deere, na qual trabalhou por oito anos, tendo ajudado a trazer ao País as suas máquinas de construção. A nova sede e a contratação de Traldi da parceira visam dar um empurrão nos negócios de ambas as empresas. A meta é agressiva. “Queremos estar, em quatro anos, entre as três maiores distribuidoras de equipamentos de construção e agrícolas do Brasil”, afirma. Para conseguir esse objetivo, o mercado paulista é fundamental. Ele possui 30% das máquinas de construção em operação no Brasil, um segmento que movimenta 28 mil unidades por ano. “Consideramos  o setor muito promissor, pela necessidade de infraestrutura, de rodovias, portos e aeroportos”, afirma. Hoje, a Veneza Equipamentos possui oito lojas, em Indaiatuba e Barueri, ambas em São Paulo, e em cinco capitais nordestinas, Recife, Salvador, Fortaleza, São Luís e João Pessoa, além de Petrolina (PE). Segundo Traldi, há potencial de aumentar os pontos de vendas.

Ao mesmo tempo, para fidelizar o cliente, a empresa vem investindo em centros de treinamento dos clientes, para que os operadores possam tirar o máximo das máquinas vendidas. Nos últimos dois anos, o grupo Veneza investiu certa de R$ 40 milhões em infraestrutura, treinamento de equipes de vendas e suporte ao cliente. A John Deere também deve se beneficiar com a expansão dos negócios da empresa nordestina. Pioneira na fabricação de tratores agrícolas, com origem na primeira metade do século XIX, 1837, a companhia americana já comercializa duas de cada três máquinas agrícolas, no Brasil. Mas, para o setor de construção, a participação é de apenas uma em cada três.

Oficina na fazenda

Com a agricultura cada vez mais competitiva, ser eficiente é palavra de ordem qualquer propriedade. A quebra de um equipamento na hora da colheita pode acarretar prejuízos incalculáveis, comprometendo o faturamento do produtor. Para evitar esse problema, existem diversos serviços oferecidos pelas próprias montadoras de máquinas agrícolas, que ajudam o produtor a manter sua frota sempre em ordem. Para os que optam por ter oficinas própria, nas fazendas,  o aconselhável são os serviços de contratos de consignação. Neles, o agricultor  faz um estoque de peças e à medida que as utiliza, a concessionária faz apenas a reposição. Já os produtores mais tecnificados podem desfrutar de serviços mais modernos para a manutenção preventiva. Como é o caso das concessionárias que monitoram e fazem o controle de horas trabalhadas de cada equipamento de seus clientes, trocando as peças, sempre que necessário, e antecipando as quebras. Para Auri Francisco Orlando, coordenador de serviços para a América Latina da fabricante americana de tratores Case IH, o produtor deve sempre ficar atento na hora da compra de uma máquina agrícola. “O agricultor tem de assegurar- se que a empresa ofereça um serviço de pós-venda estruturado e amplo”, diz Orlando.