Na região de Elias Fausto, cidade a 134 quilômetros de São Paulo, o produtor Rafael Coelho observa sua plantação de tomates, atividade da família desde 1973. Ele é dono da Roque Tomates, empresa que processa e distribui o produto para pequenas redes varejistas em diversas regiões. Há cerca de dois anos, conquistou um novo e importante cliente: o Grupo Pão de Açúcar. A empresa, preocupada em garantir a qualidade do que comercializa, criou há dois anos o programa Qualidade desde a Origem, que tem o objetivo de rastrear toda a produção de frutas, verduras e legumes vendidos nas prateleiras do supermercado. Coelho e outros produtores se tornaram a “elite” dos fornecedores da rede. “Antes, já trabalhávamos seguindo as normas regulamentadoras e hoje a credibilidade que temos é o reconhecimento desse trabalho”, explica Coelho, que produz em média 1.800 toneladas ao mês em 300 hectares. Desse volume, cerca de 60% são vendidos ao Pão de Açúcar.

Quem também faz parte desse time seleto é Carlos Lucato. No município de Madre de Deus de Minas (MG), sua família mantém há 50 anos o cultivo de laranjas. Lucato aderiu ao projeto há dois anos e desde então vem colhendo os benefícios: aumentou seu volume de vendas e se tornou, ao lado de outros agricultores, “garoto-propaganda” do modelo de produção. “Antes de entrar no programa, eu já participava de feiras na Europa e mantinha um bom nível de controle. Agora estou mais organizado e consigo produzir de uma forma muito mais qualificada”, garante o citricultor, que planta e beneficia cerca de 25 toneladas de laranja por ano, 15% desse volume comercializado com o Pão de Açúcar.

O programa estabelece um rígido controle que envolve auditorias e avaliações periódicas dos sistemas de produção de frutas, legumes e verduras, os chamados FLVs. “Os agricultores precisam atender aos limites de uso de defensivos agrícolas, respeitar exigências sanitárias no manejo, além de atender às legislações trabalhista e ambiental”, explica o diretor comercial do Pão de Açúcar, Leonardo Miyao. Essas práticas geram segurança e ajudam a rede a agregar valor em uma área estratégica, que movimenta cerca de quatro mil toneladas de produtos por dia e um faturamento de aproximadamente R$ 1 bilhão por ano.

Roberto maeda:

desde que aderiu ao programa, seu

volume comercializado cresceu 17%

Carlos lucato:

a produção rastreada ampliou o mercado europeu para o citricultor

 

 

O programa funciona com acompanhamento nas lavouras. Os membros do grupo recebem normas de produção e visitas frequentes de técnicos agrícolas. Quando o produto chega aos pontos de distribuição, passa por análises laboratoriais para verificação do nível de defensivos químicos. A rastreabilidade termina no consumidor, que pode entrar no site do programa e, com um código, saber de onde vem o que ele vai consumir. “Não há vantagem de preço para quem produz. Os ganhos estão no aumento do volume e na prioridade de compra que ele conquista”, pondera Miyao.

Para Roberto Takao Maeda, se adequar ao sistema foi vantajoso. “Entrei no programa em 2001 e hoje comercializo um volume até 17% superior”, revela. Dono de 550 hectares em Santa Juliana (MG), Maeda produz cerca de 220 mil toneladas de cebola por ano, 40% desse total negociado com o Pão de Açúcar. “Fiz várias adequações na lavoura e na gestão da fazenda, o que me permitiu identificar desperdícios e usar os insumos de forma correta, o que gerou economia na propriedade”, explica.