01/05/2009 - 0:00
Alcançar bons ganhos em espaços reduzidos é um dos grandes desafios da agricultura familiar. Para quem não dispõe de muita área, conseguir extrair o máximo de cada palmo de terra é o que pode decidir entre o lucro e o prejuízo da propriedade. Nesse sentido, uma ferramenta que vem ajudando produtores a maximizar o uso de seu espaço é o cultivo em ambientes protegidos, as famosas estufas.
Com estruturas versáteis, esse sistema pode ser aplicado na produção de hortaliças, flores, mudas e até algumas frutas. Graças à proteção contra os ataques de pragas e ao clima controlado, a produtividade dentro desses espaços, em média, pode ser 30% superior ao cultivo convencional. “Além do ganho de produtividade, esse tipo de estrutura melhora a qualidade dos produtos.
Com isso os produtores conseguem um preço melhor pela produção”, ressalta o engenheiro agrônomo e pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Paulo Trani. Embora seja um tipo de tecnologia amplamente conhecida, as estufas ainda são pouco utilizadas. Para se ter uma ideia, dados do IAC mostram que dos 130 mil hectares cultivados com hortaliças no Estado de São Paulo apenas 1% é feito em estufas. Índice baixo em razão do custo.
A estimativa é de que o investimento total de uma estufa, somando a parte de irrigação, gire em torno de R$ 40,00 a R$ 50,00 o metro quadrado, dependendo do material e das características utilizadas. “Uma produção comercialmente viável necessita de pelo menos dois mil metros quadrados de estufas. Mas o produtor pode manter áreas menores e se associar com outros produtores”, diz Trani. “De qualquer forma, é um investimento que oferece um bom retorno”, analisa. O nível tecnológico adotado e a topografia do local também influenciam no preço da estrutura. As estufas podem ter estruturas de plástico, madeira e até bambu. Especialistas recomendam a utilização de plástico especial, com filtro ultravioleta, próprio para a agricultura.
Os modelos mais modernos contam inclusive com sistema de climatização computadorizado, que controla a temperatura do ambiente de acordo com a cultura.
Mas para que a estufa gere resultados satisfatórios é preciso também que outros pontos da fazenda estejam bem preparados.
O trato da terra é um dos mais importantes. Para tanto o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, José Maria Ferraz, recomenda o uso da compostagem com adubo natural, que pode ser feito com matérias da fazenda, como palha e dejetos do galinheiro. “Além de ser ótimo para o solo é muito mais barato em relação ao adubo químico”, conta Ferraz, que ressalta a importância de o produtor diversificar sua produção. “O pequeno produtor não pode plantar uma coisa só.
Se ele planta apenas banana e o preço não está bom, ele tem prejuízo. Diversidade é o grande diferencial do agricultor familiar”, pondera.
Já para o presidente da Comissão de Pequenas Propriedades da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Marco Antonio dos Santos, o agricultor deve fazer as contas para adequar sua necessidade à sua capacidade de investimentos, tendo um bom controle de gestão. “Em muitos casos, como na compra de uma máquina, por exemplo, é interessante que os produtores se unam em associação para adquirir e utilizar o maquinário”, diz Santos, que conta ainda que alguns elementos são essenciais para uma propriedade ser sustentável. “É bom que se pense na fazenda como um projeto. Com galpão, silos, sabendo o que produzir e para quem vender. Sempre buscando se diferenciar no mercado”, finaliza.