31/12/2013 - 7:29
Quando o imigrante alemão Hermann Hering abriu uma pequena malharia na cidade catarinense de Blumenau, em 1880, estava lançando a semente de uma empresa que, um século depois, se tornaria uma gigante do varejo brasileiro, a Cia. Hering. No início dos anos 1990, em um período de grandes dificuldades financeiras, a empresa deixou de ser uma fornecedora da indústria para criar seus próprios produtos – e ganhou notoriedade com suas camisetas lisas de algodão. De lá para cá, tornou-se um modelo bem-sucedido de negócio ao criar sua própria grife, seguindo a trilha aberta pela Alpargatas com as sandálias Havaianas. “Esta foi uma empreitada de sucesso justamente porque tivemos capacidade de nos reinventar e nos atualizar junto ao mercado”, diz Carlos Tavares D’Amaral, diretor-administrativo da empresa, que comanda dez fábricas nos Estados de Santa Catarina, Goiás e Rio Grande do Norte.
A reinvenção da Hering, a campeã do Setor Têxtil de AS MELHORES DA RURAL, deu certo. Passadas duas décadas desde a guinada que a levou para um novo patamar nos negócios, a companhia conta com uma rentável rede de 69 lojas próprias e outras 631 franqueadas. As unidades são distribuídas com as marcas Hering, Hering Kids, PUC e Dzarm. Desse total, 17 lojas da marca Hering estão presentes também no Uruguai, na Bolívia, no Paraguai e na Venezuela. Além de serem vendidas pela rede própria e franqueadas, as coleções da marca estão em quase 18 mil pontos multimarcas. E a empresa quer mais. A meta do grupo é chegar ao final deste ano com 107 novas lojas, das quais 77 Hering Store e 30 Hering Kids. “Temos potencial para ter 796 lojas Hering Store e cerca de 250 Hering Kids”, diz D’Amaral.
Como parte do plano de expansão, além de ampliar sua rede de lojas, a companhia também se prepara para o lançamento de uma nova marca em 2014. Trata-se de um projeto batizado de Hering Íntima, que irá comercializar peças de lingerie. O executivo explica que o novo negócio será uma fusão de categorias que usualmente são encontradas de forma separada no varejo. “Nossa proposta será focada em diferentes ocasiões de uso, tanto dentro quanto fora de casa”, afirma.
O segredo do sucesso da Hering não se limita às vitrines. Segundo D’Amaral, a empresa mantém um intenso trabalho junto aos fornecedores, com controle de qualidade das matérias-primas e atenção à sustentabilidade. Por isso, no ano passado, o grupo criou o programa Moda Sustentável, cujo objetivo é desenvolver continuamente as questões sociais e ambientais dos fornecedores. “Dessa forma, estimulamos toda a cadeia de produção a construir e compartilhar os mesmos valores e compromissos da empresa”, diz o executivo.
Apesar das boas perspectivas, a Hering tem constantemente enfrentado desafios. A empresa começou este ano com queda no estoque de produtos, o que afetou as vendas em suas lojas no primeiro trimestre – situação que logo foi normalizada. No ano passado, o faturamento da companhia atingiu R$ 1,79 bilhão, um aumento de 45% sobre o R$ 1,23 bilhão contabilizado em 2010. Durante os três primeiros trimestres deste ano, os resultados da companhia seguiram positivos. No terceiro trimestre, a Hering registrou lucro líquido de R$ 58,2 milhões, uma alta de 6,7% na comparação com o mesmo período de 2012. De janeiro a setembro, o lucro do grupo foi de R$ 216,4 milhões, crescimento de 3,1%. “Estamos muito otimistas e confiantes em nossa capacidade de crescimento e na força de nossas marcas”, afirma D’Amaral.