Solo e clima são os principais elementos da produção de banana. A complexidade das relações planta-ambiente exige conhecimento profundo e multidisciplinar para o desenho de práticas agronômicas que visem à sustentabilidade da lavoura. Este será o assunto tratado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, no III Congresso Latino-Americano e do Caribe de Bananas e Plátanos, que será realizado de 18 a 20 de agosto de 2015, em Santa Catarina. O IAC é um dos organizadores do evento.

O pesquisador do IAC, Luiz Antonio Junqueira Teixeira, irá ministrar a palestra “Manejo de Solos e Nutrição em Musáceas: Considerações Práticas para Produção Sustentável”, em 18 de agosto, às 16h15. Em sua explanação, Teixeira irá falar sobre a saúde do solo para o aumento da produção de banana, diminuição da ocorrência de doenças e melhor qualidade do fruto.  Segundo Teixeira, as ações de pesquisa do IAC na área visam à sustentabilidade da produção a partir do manejo da fertilidade. “Apresentaremos a importância do  manejo adequado  da fertilidade para que se possa produzir de forma econômica, permitindo, portanto, que o produtor se mantenha na atividade e que a produção seja sustentável do ponto de vista ambiental: produzir com mínimo impacto e por muito tempo”, diz.

A média da produção de banana no Brasil é de 21 toneladas por hectare. Este desempenho é considerado muito baixo, quando comparado com outros países, como Costa Rica que produz quase 50 toneladas por hectare.

Segundo Teixeira, o conceito inicial de fertilidade do solo, entendido como a capacidade de fornecer nutrientes às plantas, aliada à ausência de elementos tóxicos, expandiu-se para a ideia de saúde do solo. “Dentro deste novo paradigma, o diagnóstico de fertilidade vai além das análises químicas convencionais, demandando caracterizações físicas e biológicas”, explica.

Não existe um pacote único com práticas de manejo de solo para a produção sustentável em bananais. O pesquisador do IAC sugere que as recomendações sempre sejam estabelecidas sob o conceito de saúde do solo, partindo de um diagnóstico cuidadoso e considerando o efeito dessa prática nos atributos físicos, químicos e biológicos do solo. “Diretrizes como reposição dos nutrientes extraídos pela cultura, recuperação e manutenção da qualidade estrutural do solo, práticas conservacionistas, uso de insumos de baixo impacto ambiental, aumento da matéria orgânica, entre outras, são fundamentais para nos guiar no estabelecimento dessas práticas.”

Entre os elementos analisados, estão a avaliação de atributos físicos, como infiltração de água e compactação, por exemplo. A ideia é que esse tipo de análise, realizada, atualmente, pelo IAC somente para uso em pesquisa, possa ser estendida a bananicultores no futuro. “A busca por indicadores de saúde do solo que envolve aspectos químicos, físico e biológicos de forma integrada deve ser prioritário nas ações de pesquisa na área”, afirma o pesquisador do IAC.

Na avaliação de Teixeira, os diagnósticos de fertilidade, restritos às análises de solo e folhas, não são suficientes para o estabelecimento de padrões válidos para as condições de cada região produtora. Apesar de insuficientes, estas análises são as únicas disponíveis no Brasil, até o momento. “Clima, tipo de solo, cultivar e manejo fitotécnico do bananal são alguns dos fatores que devem ser levados em consideração na construção desse diagnóstico”, afirma.

 A qualidade dos diagnósticos de fertilidade do solo, de acordo com o pesquisador do IAC, elaborados com as ferramentas disponíveis hoje, depende de adequação com as peculiaridades de cada unidade produtiva. “Existem metodologias de trabalho que permitem o estabelecimento de padrões nutricionais específicos para regiões, cultivares, sistemas de manejo e até mesmo para unidades de produção”, diz.

Evento

O III Congresso Latino-Americano e do Caribe de Bananas e Plátanos tem o objetivo de abordar questões específicas da bananicultura em climas subtropicais. O evento tem como público produtores, técnicos, extensionistas, pesquisadores, estudantes e demais envolvidos no setor.

Durante o Congresso, será dada ênfase aos principais problemas da bananeira em condições tropicais como a murcha de fusarium, conhecida como mal-do-Panamá, impacto das geadas na produtividade e qualidade da produção, assimilação de nutrientes, entre outros.

O IAC é um dos organizadores do evento, que conta com mais de 20 palestras e painéis de discussão. “Teremos a oportunidade de compartilhar com a comunidade científica internacional e com produtores de banana de todo o País parte do conhecimento gerado pelo esforço de pesquisa do IAC em manejo do solo para bananicultura”, afirma Teixeira.

Banana no Brasil

O Estado de São Paulo se destaca como maior produtor de banana do Brasil. Cerca de 80% da produção está concentrada nos municípios da região do Vale do Ribeira, localizada no Sul do Estado, com clima tropical úmido bastante influenciado pelas massas de ar oceânicas vindas do Sul que, barradas pelo relevo, precipitam, causando um dos maiores índices pluviométricos do País. Este clima é propício para o desenvolvimento das plantas de bananeiras, que atingem produtividade média de 22,5 toneladas, por hectare. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Vale do Ribeira, a cultura da banana gerou, em 2013, 24.711 mil empregos diretos e 70.600 indiretos. Fonte: Ascom/IAC