Quando um produtor rural decide exportar seus produtos, a primeira pergunta que vem à cabeça quase sempre é: “Que tipo de certificação é preciso ter para entrar neste mercado?” O que num primeiro momento pode soar como algo meramente burocrático é, na verdade, uma garantia de procedência dada ao consumidor estrangeiro. Os selos são variados, mas, em países mais exigentes, como Estados Unidos, Alemanha ou Japão, são obrigatórios, e produtos sem esta garantia de origem nem sequer têm permissão para entrar. No Brasil as certificações ainda não são obrigatórias, mas isso deve mudar em breve. Portanto, é preciso que se pense na certificação como um investimento na propriedade. Seja você exportador ou não.

Ao contrário do que muitos pensam, certificar uma propriedade não é tão caro, mas pode garantir ganhos consideráveis em pouco tempo. Para entrar no Sisbov, programa do governo federal em que fazendas e animais são rastreados para ficarem habilitados à exportação, é necessário um investimento entre R$ 3 e R$ 5 por animal, mas o retorno é garantido. Para se ter uma ideia, os frigoríficos hoje pagam um prêmio de até 10% por carcaça certificada. Ou seja, o produtor investe R$ 5 no início do processo para ganhar R$ 150 no final. Caso a propriedade conte ainda com o Global Gap, selo nascido na Europa e reconhecido internacionalmente, existe ainda um acréscimo de 2% sobre este valor. A matemática não mente. Certificar é, de fato, um ótimo negócio.

“A certificação é uma exigência de mercado e uma garantia para o consumidor. Os principais compradores a exigem por ser um aval de que aquela produção está em acordo com normas internacionais, tanto no processo produtivo como na parte ambiental ou social. Em breve o Brasil também vai exigir, então é interessante que os produtores já estejam preparados”, explica Valmir Luis Rodrigues, diretor da WQS Certificadora, empresa credenciada internacionalmente para emitir 17 categorias de selos.

Segundo Rodrigues, o processo de certificação pode ser útil também em outros aspectos do negócio, como melhoria da gestão e aperfeiçoamento profissional dos funcionários, coisas que vão muito além do mercado. “O treinamento é uma coisa que fica para sempre. Toda fazenda ganha com profissionais mais preparados”, continua. Para especialistas, uma propriedade enquadrada nas exigências internacionais se torna muito mais eficiente e produtiva.

EU TAMBÉM QUERO – Se você se interessou pelo assunto, mas não tem a menor ideia do que fazer para certificar sua propriedade, aqui vão algumas dicas. Primeiro procure uma certificadora. Existem mais de 20 em operação no Brasil, mas somente sete estão credenciadas para protocolar selos internacionais, portanto, fique atento. O próximo passo é agendar a visita de um técnico especializado para checar o cumprimento das exigências e depois redigir um relatório final. Por último, caso as terras sejam aprovadas, sai a certificação. Não é difícil, mas o processo exige muita disciplina por parte do requisitante, uma vez que, se algo der errado, todo o processo precisa ser refeito.

Já os custos variam muito, dependendo das condições em que a propriedade se encontra, mas, numa fazenda com 50 hectares, dificilmente superam os R$ 3 mil. Vale lembrar que as certificações têm validade de um ano, período em que as terras ficam sujeitas a visitas-surpresa da certificadora. Tudo para garantir o pleno cumprimento das normas. “O produtor só decide certificar seus produtos quando percebe uma demanda de mercado. Só então ele vê que esta pode ser uma opção interessante para o seu negócio. O consumidor já está exigindo cada vez mais produtos com selos de origem, inclusive no Brasil”, completa Jorge Vailati, do Instituto Biodinâmico.

Os mais pedidos

Existem dezenas de certificações, para as mais diversas finalidades, disponíveis hoje no mercado. Conheça as mais populares