E ngana-se quem pensa na tecnologia como algo complexo. Ela está cada vez mais simples e amigável. Nos dias atuais, a experiência das empresas ligadas à Tecnologia da Informação (TI) mostra altos
índices de aceitação dos trabalhadores às novidades. O instituto de pesquisa IDC estima que até o fim de 2014 serão vendidos no País 58 milhões de dispositivos móveis. Ou seja, há uma consolidada tendência de popularização desses equipamentos. 

Em um setor de commodities, comercializadas a preços fixos, ganha prioridade a gestão eficiente dos custos de produção. A agroindústria é desafiada a utilizar melhor os insumos e seu capital humano para manter e aumentar a margem de lucro. Nesse contexto, a TI pode contribuir para o setor, ao integrar sistemas e permitir a atualização, a consulta e a análise de dados sobre a produção de forma rápida, sistematizada e confiável. 

A precisão, a segurança e a rapidez oferecidas pela tecnologia, aditivadas pela mobilidade, são vitais para o sucesso do agronegócio. Um dia pode ser a diferença entre perder ou salvar uma safra. Na agroindústria, o tempo é latente na tomada de decisões. Com a mobilidade no campo, se antes os controles de cada etapa da produção eram feitos em formulários de papel e levavam até cinco dias para chegar ao escritório, agora tudo pode ser feito com poucos toques, na palma da mão. Operar um tablet equipado com software de controle da lavoura tem se tornado tão fácil quanto lidar com um martphone
para tarefas do dia a dia. 

Um exemplo atual do quanto pode ser útil essa mobilidade é o controle efetivo de pragas. O ano de 2012 marcou a chegada às lavouras brasileiras de um incômodo visitante: as lagartas do gênero helicoverpa. A praga atingiu com força o Cerrado e causou, no ano passado, prejuízo de R$ 2,2 bilhões apenas na Bahia, de acordo com o governo do Estado. A voracidade da lagarta, e a rapidez com que 
ela se espalhou, fez soar o alerta para intensificar as tarefas de monitoramento e controle de pragas no País. Nessa tarefa, quanto maior o terreno cultivado, mais desafiador é acompanhar a situação de cada talhão de uma lavoura. Sem a tecnologia, o acompanhamento torna-se inviável. 

Em Mato Grosso, há casos de êxito na contenção das perdas provocadas pela lagarta, mediante o uso de um sistema de softwares de gestão especializados na agroindústria. Conectado a um aplicativo para tablet, ele é abastecido, por sua vez, com informações vindas diretamente do campo. O princípio de seu funcionamento é o mesmo que o de um apontamento tradicional sobre o estado da lavoura, realizado em planilhas de papel. Mas, com o tablet, ganham-se agilidade e confiabilidade. O funcionário percorre a lavoura com o dispositivo em mãos e registra a situação do cultivo por meio de textos, anotações  e fotografias. A informação é transmitida para a sede da empresa, onde é analisada em tempo real por um engenheiro agrônomo que pode, em seguida, acionar a aplicação de defensivo 
ou outras providências. Caso não haja conexão de internet, o dado é gravado para ser transmitido assim que for detectado o sinal. 

Outra ferramenta permitida com o uso do tablet é o Sistema de Informação Geográfica (SIG), que possibilita a marcação exata da coordenada GPS do local da anotação realizada no campo. Com essa ferramenta, é possível fazer um acompanhamento intensivo dos detalhes de produção e a visualização de aspectos, até então analisados por gestores e empresas agrícolas apenas em relatórios e 
planilhas. A informação chega ao sistema detalhada por talhão da propriedade e pode ser cruzada com imagens de satélites de diferentes fontes e informações cartográficas, como rios e malha viária.

A experiência de controle da helicoverpa mostra o potencial e a importância da adoção da mobilidade no campo. O mercado de tecnologia está atento ao desenvolvimento de soluções sob medida para esse setor. Já é uma realidade no Brasil o controle fitossanitário, do plantio, de insumos e colheita por meio de dispositivos móveis. Agora, é avançar e popularizar as ferramentas de mobilidade úteis ao homem do campo.