TECNOLOGIA: genética de cordeiro das raças dorper e white dorper que estão no mercado nacional

Na pecuária bovina de corte e de leite, a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) tem se tornado uma prática cada vez mais comum entre os produtores de gado. Em 2011, os pecuaristas brasileiros utilizaram em seus rebanhos mais de 12 milhões de doses de sêmen, 25% a mais se comparado a 2010, segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). A maior parte dessa inseminação foi feita por meio da IATF. Agora, se depender da central Alta Genetics, de Uberaba (MG), uma das maiores distribuidoras de sêmen, a nova onda da IATF será a aplicação em ovinos. Segundo Edson Ramos Siqueira, gerente de produto de caprinos e ovinos da Alta, a técnica vai ajudar os criadores a produzir mais cordeiros para abate. “Nosso objetivo é aumentar o uso da IATF em ovinos comerciais e por isso criamos no mês passado um programa para baratear o custo de cada inseminação, chamado Alta Gestação”, diz Siqueira.

Ao programa da Alta Genetics se aliaram dois parceiros. A farmacêutica americana Pfizer Saúde Animal, com a capacitação, e o veterinário Sérgio Nadal, da Multiplicação Genética, de Vinhedo (SP), ficou responsável pela aplicação da IATF nas ovelhas. “Com o serviço das três partes integrado, o preço da inseminação ficou 40% menor, passando de R$ 50 para R$ 20 nos rebanhos comerciais”, diz Nadal. “Queremos acabar com a história de que a inseminação artificial é somente para os animais de elite.” A popularização do programa Alta Gestação tem um longo caminho pela frente. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontam um número de ovelhas inseminadas, no País, inferior a 0,5% das cerca de sete milhões de fêmeas em idade reprodutiva. O rebanho nacional de ovinos no Brasil hoje gira em torno de 14,5 milhões de cabeças. Segundo Siqueira, com a técnica da inseminação mais em conta, o objetivo da Alta Genetics é aumentar as vendas nos próximos cinco anos das atuais 30 doses para, pelo menos, 250 doses por pedido.

Na IATF, por causa da aplicação de hormônios nas fêmeas, todas aquelas que recebem o medicamento entram no cio ao mesmo tempo, o que facilita o trabalho do inseminador. Mas não é só isso. Com as fêmeas parindo na mesma época, a inseminação artificial ajuda na gestão do rebanho, porque o criador pode formar lotes uniformes de animais do nascimento ao abate. “O que a indústria frigorífica mais quer é exatamente isso, lotes iguais de animais que vão resultarem em cortes de carne padronizados na gôndola do mercado”, diz Nadal. A demanda por ovinos no Brasil é gigantesca. Para atender o consumo nacional, o rebanho precisa crescer 120%, para 32 milhões de cabeças. “A inseminação artificial é fundamental nesse processo”, diz. Atualmente, o mercado doméstico consome 11,5 mil toneladas de carne por ano, boa parte é importada do Uruguai. O País importa anualmente algo em torno de 6,9 mil toneladas.

PROCESSO: após a coleta, o sêmen é congelado. O veterinário Nadal é responsável pela inseminação das ovelhas