01/02/2008 - 0:00
CHICO PELTIER: ganhos de produtividade com a inseminação artificial
O empresário Francisco Peltier, pecuarista baiano da família Odebrecht está empolgado com o futuro de sua atividade. Criador de gado gir e girolando, ele acredita que 2008 será um ano de bons negócios. Apesar de os preços no Norte e Nordeste do País não estarem nos mesmos patamares dos praticados no Sul e no Sudeste, a remuneração tem melhorado. Empresas captadoras de leite têm se estabelecido na região, de olho na formação de novas bacias leiteiras.
Com isso, a tendência é que mais produtores se interessem em ampliar seus rebanhos. “Melhor que cinco vacas que produzam três litros por dia, é ter três animais que façam pelo menos 15 litros diários”, comenta Peltier. Baseado nessa perspectiva de crescimento em sua região, ele acredita que tenha encontrado a fórmula apropriada para o Nordeste. E como opções, ele apresenta seleções de animais das raças gir e girolando. “O girolando é a mistura do gir com o holandês”, explica. “É um gado mais produtivo, mas ao mesmo tempo não é tão exigente quanto um animal puro”, avalia. Para ele, não é um bom investimento manter animais não adaptados ao calor. “Sem dúvida, o holandês é muito mais produtivo, mas exige um investimento muito grande”, analisa. “Por outro lado, o gir tem escala de produção e é totalmente adaptado ao calor do Nordeste”, comenta. Ele explica que algumas experiências com animais superprodutivos custaram caro nessas regiões, além de não estarem ao alcance do produtor comum. “Investir num animal desses é ter de gastar mais com comida e com baias climatizadas e não compensa”, diz. “Por isso, ofereço um gado rústico, que poderá melhorar os rebanhos, só que sem necessitar tanto investimento na estrutura da fazenda”, comenta.
Peltier não faz a venda de gado comercial, ou seja, direto para a extração de leite. “Vendo animais melhoradores”, diz. Ano passado sua criação rendeu nada menos do que R$ 600 mil. “Tem que dar dinheiro, senão é melhor nem criar”, comenta. Para este ano, pensando justamente em melhorar os rebanhos, ele investirá pesado em gado gir. Para o primeiro semestre, ele pretende comprar mais doadoras, que emprestarão suas qualidades aos rebanhos comerciais. “Os filhos desses animais serão capazes de ampliar a capacidade produtiva, o que será muito bom para toda a região”, afirma. Para isso, no entanto, ele acredita que terá de desembolsar aproximadamente R$ 200 mil. Com esse valor, ele poderá ampliar seu rebanho e aumentar o número de embriões e prenhezes.
Mas as atividades de Peltier não param por aí. Ele já foi presidente da Associação Baiana dos Criadores de Girolando e mantém uma relação muito próxima com as exposições. Para ele, manter os animais em pista, além de uma vitrine obrigatória para quem deseja ter sucesso comercial, é uma forma de medir a evolução do rebanho. “Temos muita gente trabalhando bem, selecionando os melhores animais e as exposições tornam-se a melhor forma de colocar esse esforço à prova”, afirma. E o que ele acha do mercado de leite? Até pouco tempo atrás, ele mantinha um rebanho com mais de 1,2 mil cabeças. Mas, por ter outros negócios, como dois restaurantes em Salvador, o empresário teve de focar apenas na venda de genética. “Tudo indica que o leite será um bom negócio nos próximos anos, até porque o Brasil já está começando a exportar”, analisa. Segundo ele, o melhor da história não é o fato de ter uma atividade prazerosa e rentável. “O mais bonito nesse trabalho é o papel social que assumimos”, diz. “Por meio desse trabalho, estamos ajudando famílias que não têm muita coisa a melhorarem suas vidas com o leite e isso faz toda diferença para mim”, define.