Em centros urbanos, um dos artifícios para amenizar engarrafamentos é a onda verde. Semáforos abertos em sequência garantem escoamento mais rápido dos carros. Num movimento similar, a JBS lançou em abril o protocolo ‘Juntos por um Boi de Sucesso’. O objetivo é mostrar que, bem enquadrada no Farol da Qualidade, a carne bovina tem melhor navegabilidade por canais de escoamento, aumentando chances de captura de valor e, por isso, é premiada. E agora, além de indústria e pecuarista, um novo integrante da Conexão JBS reforça o engajamento para a entrega de valor ao consumidor, o Agente Q.

O conceito foi apresentado em junho durante a Convenção da Qualidade da JBS para transformar todos os colaboradores em “Agentes Q”. Na prática, todos os profissionais da divisão carnes da companhia se transformaram em disseminadores de qualidade, desde os motoristas boiadeiros aos que integram a área de manejo pré-abate, passando por aqueles que estão no chão de fábrica – abate, resfriamento e desossa -, até a logística e o comercial, validando a qualidade do produto do recebimento à última entrega da JBS.

“Não mudamos o jeito de abater o gado, mas a forma de monitorar o processo. Os colaboradores devem pensar como consumidores”, sintetiza Emília Raucci, diretora de qualidade da JBS Carnes. A meta é diminuir até dez/2015 em 50% ocorrências de desvio de padrão. As novas orientações, válidas desde maio, surtiram efeito. Em junho, ocorrências como devoluções à indústria foram as menores em dois anos. “Nossa ideia é estarmos mais juntos não só do produtor, mas do cliente e do consumidor final. É a Conexão JBS. E a chave mestra para abrir as portas de novos mercados é qualidade”, enfatiza o presidente da JBS Carnes, Renato Costa.

Qualidade desde a porteira

Para a divisão de originação da JBS, o marco zero deste movimento começou em abril, no anúncio da 1ª unidade habilitada a remunerar 100% dos abates por classificação de carcaça no Farol da Qualidade. O lançamento foi em Nova Andradina-MS, cujo volume de abate no representa 10% do gado entregue à companhia no MS, bonificando com R$ 2/@ carcaças no farol verde e penalizando em R$ 3,00@ o farol vermelho.

A novidade foi anunciada como “virada de chave”, metáfora para a evolução do modelo mental aplicado à pecuária que exige produção de carne em detrimento à criação de boi. Paga-se mais, agora, por carcaças que capturam valor em mercados que premiam a qualidade. E o incentivo funcionou. Enquanto entre jan-mar/15 a JBS de Nova Andradina registrou 19,48% de animais no farol verde, em abril houve um salto para 31%.

A experiência foi classificada como positiva, e outras cinco unidades da JBS no estado aderiram ao protocolo: Anastácio, Campo Grande (I e II), Iguatemi e Naviraí, abrangendo 77% de todo o gado entregue à companhia no MS. Nestas plantas, a média do Farol da Qualidade entre jan-mai/15 foi 19,1% verde. No mês seguinte, com o protocolo aplicado facultativamente, o farol marcou 22,29% verde e, em julho, 27,25%, já com funcionamento integral. Para efeito de comparação, o Brasil tem, em 2015, média de 13,08% de abates no farol verde.

Deste modo a cadeia produtiva do MS começa a provar que começou no campo a revolução para transformar a carne brasileira em produto de alta qualidade, afastando a hipótese de que um movimento deste seria utópico em curto prazo. “Só se sustenta valor com entrega constante de valor. Pelo histórico de boi capão, o sul-mato-grossense acolheu a missão de levar uma carne melhor ao consumidor. Este produtor percebeu que a pecuária depende da satisfação e recompra da ponta final da cadeia. A indústria é sua parceira, responsável pelo escoamento da produção”, destaca o diretor de originação da JBS para o MS e SP, Eduardo Pedroso. O próximo passo é estender o protocolo Juntos por um Boi de Sucesso a todas as unidades no MS até o fim de 2015. “Queremos bonificar cada vez mais o pecuarista de acordo com a meritocracia da entrega. A penalização é educativa e mostra que carne de baixa qualidade não tem versatilidade para acessar mercados exigentes e de melhor remuneração”, esclarece.

À medida que os produtores outras praças se mostrarem dispostos, o protocolo será estendido a todo o Brasil. Segundo Marco Antônio Viol, presidente do Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste de SP), os produtores paulistas aprovariam a virada de chave. “A remuneração justa é o caminho para a qualidade, para a sobrevivência e permanência na atividade”, enaltece. “Eu defendo a ideia de que a carcaça deve ser paga por qualidade, cobertura de gordura e castração. Se o protocolo vier, o produtor vai aderir”, afirma Luiz Carlos Lyra, presidente da Associação Rural de Rondônia. “Nós vamos para outros estados. O pecuarista com interesse no protocolo pode nos procurar, pois queremos uma produção maior desta carne de qualidade para o consumidor”, projeta o diretor executivo de originação da JBS, José Luiz Medeiros.

Artigo
Pensando além da carne


Jerry O’Callaghan, diretor de relações com o investidor da JBS

F alamos bastante das carnes em termos de concorrência entre si. Quando projetamos o crescimento para os próximos dez anos, vemos que a carne de frango leva vantagem sobre os concorrentes pela escassez de recursos naturais aliada à conversão mais eficiente – na casa de 1,9 kg de ração por kg de frango comparado a algo entre 7 kg e 10 kg de ração para 1 kg de carne bovina. Especialistas dizem que o consumo de frango vai ser quase o dobro da carne bovina em 2025.

O pecuarista deve estar preocupado. O que fazer? Construir uma granja? Para quem gosta dos animais de quatro patas, é difícil se ajustar ao bicho alado. Talvez valha a pena investir um tempo estudando a aquicultura como atividade integrada à pecuária.

Recentemente, tive o prazer de encontrar o ministro da Pesca, Helder Barbalho, jovem, dinâmico e entusiasmado com a tarefa difícil de nos fazer enxergar de maneira diferente um setor que, inexplicavelmente, não decola em um país com duas bacias hidrográficas gigantes e uma costa de milhares de quilômetros. Inexplicável até analisarmos a situação. Chamei meu cunhado alagoano, especialista no setor, para entender. Ele me fez pegar um avião até Maceió para ver a situação in loco. São pequenos produtores por todo lado sem licença ambiental e sem comércio formal, tanques-rede e escavados mal aproveitados e água não tratada. Após o passeio, procurei o ministro, que me recebeu muito bem junto a sua equipe.

Barbalho mostrou o potencial e o entrave: burocracia e uma quase impossibilidade de formalização, principalmente a nível estadual. O ministro comentou que vai de estado em estado para eliminar o mal e que está tendo progresso na empreitada. Além de diminuir a burocracia, conseguiu disponibilizar linhas de crédito e formalizar o uso de uma porcentagem (ainda pequena) de Águas da União para a atividade.

O ministro também destacou a conversão alimentar das espécies, começando com a tilápia. Quando  vi que a conversão é de 1,3 kg de ração para 1 kg de carne e que um hectare de tanque escavado produz dez toneladas/ano, pensei foi que era uma ameaça à pecuária. Mas depois de refletir mais um pouco, entendi que é oportunidade. Toda fazenda de pecuária tem bastante água. Um boi adulto bebe até 40 litros/dia. De repente é uma opção para o pecuarista ter uma atividade paralela, que gere renda regularmente e sirva para complementar os recursos do “negócio fazenda”. E, como sugestão, que tal investir o lucro na melhoria genética dos bois e na reforma dos pastos?

Programação

Comércio
Divisão de industrializados celebra primeiro semestre positivo

Nos dias 15, 16 e 17 de julho as equipes de mercado interno e de unidades de industrializados da JBS estiveram reunidas para fazer um balanço do 1º semestre e alinhar o trabalho da segunda metade de 2015. “Tanto no mercado internacional como no doméstico tivemos crescimento expressivo”, celebrou o diretor a divisão de industrializados, Durval Cavalcanti.

“Hoje são um milhão de hectares espalhados em sete estados brasileiros. A gente está provando no mundo real que é possível fazer a mudança que a gente tanto pregou.” Eduardo Bastos, ex-presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) sucedido em julho, sobre o avanço dos projetos sustentáveis para a pecuária de corte

“Quase 50% da amostra estarão comprando bezerros para colocar nas fazendas de agricultura nos próximos anos.” Maurício Nogueira, diretor da Agroconsult, sobre coleta do Rally da Agricultura que aponta entrada dos agricultores no mercado de bezerros para integração

“Nós temos fazendas que produzem soja, milho já consorciado com forrageira e uma safra de carne exatamente no período crítico, na seca, com animais ganhando entre 700 g a 1 kg por dia a campo com suplementação barata e aproveitando todo o resíduo da fazenda.Lourival Vilela, pesquisador Embrapa Cerrados, em entrevista para divulgar o Congresso Mundial de ILPF, que ocorreu em Brasília-DF em julho

“Para cada R$1,00 investido em genética via touro você tem retorno de R$ 4,00. […] O insumo genética, além de ter o impacto imediato no primeiro ciclo de produção, é aditivo e permanente.” Luiz Antônio Josahkian, superintendente técnico da ABCZ, detalhando estudo feito em parceria entre a Associação e o Cepea


“Os machos não castrados têm propensão a produzir carne DFD. São animais mais suscetíveis ao estresse e, por consequência, têm esgotamento maior da reserva de energia do músculo.” Sérgio Bertelli Pflanzer, professor do Departamento de Tecnologia dos Alimentos da Unicamp

Giro pelo mundo
Japão

O Japão, 3ª economia mundial, é o maior importador da carne bovina dos EUA. As compras da proteína norte-americana ainda se recuperam após o caso de vaca louca em 2003, quando as portas do país asiático se fecharam por questões sanitárias. De toda forma, o consumo interno é menor que o de pescados, suíno e frango, mas muito exigente.

Com produção própria pequena, a pedida é por carne de extrema qualidade, com gordura entremeada e boa aparência antes e depois do preparo. Além dos EUA, a Austrália também desponta como fornecedor.

Os principais clientes são do food service e o varejo é pouco representativo. Os pratos mais servidos são beef raw (fast food com arroz e carne fatiada fina), shabu shabu  (cozido de carnes) e yakiniku (o que mais se assemelha ao churrasco, com a carne sendo grelhada).

Participação de Luís Rota, diretor de exportação da JBS nos EUA

NA ROTA DO BOI
2ª temporada estreia noCanal Rural

Depois de percorrer três mil quilômetros pelo Mato Grosso do Sul, estreia mais uma série de reportagens Rota do Boi na programação do Canal Rural no dia 03 de agosto. Durante todo este mês, a série protagoniza o programa Giro do Boi às segundas, quartas e sextas-feiras, sempre das 07h às 08h – horário de Brasília – e estará também disponível na internet, acessando o QR Code impresso na capa deste caderno.

INDICADORES
Relação de troca entre bezerro e boi gordo mantém estabilidade e troca de milho por @ tem pequena queda; suíno ganha competitividade

Julho marcou estabilidade para a relação entre bezerro e boi gordo. Ao fim de junho, o indicador apontava troca 1,74 bezerro por boi gordo, similar ao observado até metade de julho, de 1,73. Já a troca entre sacas de milho por arroba de boi gordo sofreu pequena queda, mas ainda é satisfatória. O indicador caiu de 5,6 sacas por @ ao fim de junho para 5,4 até a metade de julho. No comparativo de valor entre proteínas, que parte base 100 em outubro de 2011, estabilidade para a carne bovina, que oscilou de 153 para 152 pontos, e também para o frango, que se manteve na casa dos 119. Mas a carne suína desvalorizou-se, caindo de 130 para 124 pontos, ganhando competitividade entre as demais carnes.


clique aqui para ampliar a imagem