04/02/2019 - 13:36
A Arábia Saudita era um cliente do agronegócio brasileiro que comprava US$ 2 bilhões em produtos, por ano, sendo mais da metade em carnes bovina, suína e de aves. O episódio Carne Franca provocou a quebra desse comércio em 2017. A consequência foi que, neste ano, o país importou apenas US$ 1,2 bilhão até setembro, sendo US$ 680 milhões em carnes. No mês passado, depois de diversas missões brasileiras, os árabes finalmente cederam e devem voltar a comprar em maior escala, embora ainda tenham marcado uma última missão sanitária. Mas os técnicos brasileiros que visitaram o país no mês passado não voltaram de mãos vazias. Os árabes abriram um mercado inédito, o de mel. No ano passado, o Brasil exportou 27 mil toneladas por US$ 121,3 milhões, das quais 23 mil toneladas de mel foram para os Estados Unidos. A Arábia Saudita é o maior cliente do produto no Oriente Médio.
Fertilizante
Yara assume a Galvani
A norueguesa Yara de fertilizantes, que detinha 60% de participação na brasileira Galvani, assumiu a companhia em outubro. A empresa fundada na década de 1930, que pertencia à família Galvani, se tornou um dos maiores complexos industriais de produção de ácido sulfúrico, superfosfatos, granulação, mistura e ensaque de fertilizantes. Por unidades fabris e de mineração, a Yara deve pagar US$ 70 milhões nos próximos três anos. A primeira parte da transação ocorreu em 2014, quando a Yara desembolsou US$ 318 milhões.
Comércio internacional
Produção
Menos riqueza no campo
O Valor Bruto da Produção (VBP) para 2018 está estimado em R$ 574,3 bilhões, segundo o Ministério da Agricultura. O valor é 2,6% abaixo do ano passado. O VBP é o índice que mede as riquezas movimentadas dentro da porteira. Mas, no caso do Centro-Oeste há boas notícias.Impulsionado por uma ótima safra de grãos, a região retorna ao posto de maior VBP do País, com R$ 166,1 bilhões. Em 2017, a região Sul havia ficado em primeiro lugar.
Carne suína
Chineses com mais apetite
A China deve importar neste ano 1,75 milhão de toneladas de carne suína, volume 8% acima de 2017. A previsão é do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que também prevê aumento em 2019. Além do consumo, um dos motivos é o provável abate de milhares de animais para evitar que a peste suína africana (ASF, na sigla em inglês), uma doença mortal para o rebanho, se alastre no país asiático. A China é a maior produtora de suínos do mundo, com 38 milhões de animais e processamento de carne estimado em 50 milhões de toneladas, por ano. Para comparação, o Brasil, em quarto lugar, produz 3,8 milhões de toneladas.
Gado vivo
Brasil ganha mais um cliente
O Irã anunciou que pretende comprar gado vivo do Brasil. As negociações sanitárias, que vinham ocorrendo desde 2014, foram fechadas com a aprovação dos órgãos veterinários desse país. A expectativa é que o Irã compre cerca de 100 mil bovinos vivos por ano. Além dele, a Tailândia e a Indonésia estão nas últimas tratativas para abrir esse tipo de comércio com o Brasil. No ano passado, a exportação do setor rendeu US$ 276 milhões, cifra já ultrapassada nos primeiros sete meses de 2018, com uma fatura de US$ 301 milhões. Nos últimos sete anos foram US$ 3,7 bilhões, período em que esse comércio entrou definitivamente
na pauta do País.
Europa
Menos produção na safra
A produção de grãos na Europa está estimada em 278,5 milhões de toneladas no ciclo 2018/19, de acordo com a consultoria francesa Stratégie Grains. O recuo é de 6,1% em relação à safra anterior. A queda se deve ao clima seco de inverno que atingiu a maior parte do continente. Entre os principais cultivos estão o trigo, o milho e a cevada.
Biodiesel
Amaggi entra no jogo
A Amaggi, com sede em Cuiabá e controlada pela família do ministro da Agricultura Blairo Maggi, vai atuar no segmento de biodiesel a partir do ano que vem. A estimativa inicial de investimento é de R$ 75 milhões. No ano passado, a Amaggi faturou R$ 14,3 bilhões, 8,3% acima de 2016. A unidade de biodiesel será instalada no município de Lucas do Rio Verde (MT), onde a empresa já possui uma esmagadora de soja com capacidade para 3,6 mil toneladas diárias. O projeto é utilizar todo o volume de óleo para a produção de biodiesel, o que equivaleria a 756 mil litros por dia.
Análise do Mês
Brasil pode ditar o cenário da oferta mundial de açúcar?
Desde o choque causado pelo anúncio do governo indiano, ao aprovar um novo pacote de subsídios às exportações de açúcar para a temporada 2018/2019, o mercado vem registrando uma trajetória poucas vezes interrompida de valorização em Nova York, onde as cotações chegaram a US$ 13,73 em 17 de outubro, elevação de 38,7% desde o dia 26 de setembro.
Em grande parte, a recuperação do preço se deve às dúvidas sobre a capacidade de a Índia escoar toda a quota de cinco milhões de toneladas em um ano, a precificação anterior desta possibilidade pelo mercado e a provável indicação de que a tonelada marginal a ser fornecida ao mercado mundial precisaria advir da região Centro-Sul do Brasil, que tem enxugado consideravelmente o mercado de açúcar com sua mudança de mix.
O preço mundial se aproxima, portanto, dos preços de oportunidade do açúcar e do etanol do mercado brasileiro, que neste momento gravitam entre 14,6 e 15,2 cents por libra-peso. Os fundamentos de mercado indicam que o balanço global de açúcar em 2018/2019 (Out/Set) possa caminhar para uma condição ainda mais enxuta, entre a produção e o consumo. Com isso, a previsão de superávit de 3,68 milhões de toneladas foi convertida para um déficit de 715 mil toneladas em 2018/2019. Vale lembrar que o cenário ainda pode ser alterado, em função da capacidade dos canaviais do Centro-Sul de recuperarem o atraso no desenvolvimento das plantas.