02/01/2021 - 7:38
Era fim de fevereiro quando voos da Latam que saíam de São Paulo com destino a Milão, na Itália, começaram a esvaziar. Não é que os passageiros desmarcavam suas viagens, eles simplesmente não apareciam na hora do embarque, muitos deles chegavam a fazer o check-in e desistiam pouco antes de o voo sair.
Com a explosão de casos de covid no norte da Itália, eles acabavam mudando de ideia em cima da hora e abrindo mão da viagem.
“Lembro que teve um fim de semana em que olhei o ‘no show’ (termo usado para os passageiros que não se apresentam no embarque) e tinha batido 40%”, recorda o presidente da Latam no Brasil, Jerome Cadier. Naquele mesmo fim de semana, voos entre Nova York e Milão foram suspensos porque tripulantes da American Airlines se recusavam a viajar para a Itália.
Cadier lembra que, no início da crise, em fóruns que reuniam o setor, ele era visto como “terrorista”, porque costumava dizer que seriam necessários anos para as empresas se restabelecerem, enquanto muitos apostavam que em poucos meses a situação estaria resolvida. A expectativa “pessimista” do executivo não era à toa.
Como cerca de 50% da operação da Latam era internacional, a companhia seria a mais impactada entre as que atuam no mercado doméstico. Além de reduzir a jornada e o salário dos tripulantes, a empresa começou a estacionar a frota – o que envolve uma série de procedimentos para reduzir gastos com manutenção.
Em recuperação judicial desde meados do ano, a empresa espera sair do processo até o fim de 2021, quando deverá ter conseguido refinanciar o empréstimo de US$ 2,4 bilhões que conseguiu este ano. Apesar da melhora na demanda, a empresa ainda tem um grande entrave pela frente.
Ela pretende reduzir o salário dos tripulantes de forma permanente e, como não consegue chegar a um acordo com o sindicato, o assunto está sendo mediado pelo Tribunal Superior do Trabalho.
Em meio à crise, já demitiu 2,7 mil tripulantes e outros 3,8 mil funcionários. Também entregou seis andares de um prédio que alugava em São Paulo.
Os 900 funcionários que atuavam no local foram divididos entre os escritórios no aeroporto de Congonhas e centro de treinamento. “A entrada na crise foi violenta, mas a saída também não será óbvia.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.