Cientistas criam uma batata geneticamente modificada com teores mais elevados de proteínas e produtividade recorde

 

A biotecnologia aplicada em produtos agrícolas agora mira seus holofotes para a Índia. Em outubro, cientistas do Central Potato Research Institute, órgão ligado ao Indian Council of Agriculture Research, apresentaram ao mundo um produto inédito cujos resultados são perseguidos há sete anos: a superbatata. Trata-se do desenvolvimento de uma batata geneticamente modificada com o genoma do amaranto, um grão tropical com características semelhantes às de uma mistura de arroz e feijão e teores proteicos acima do comum. “Não se trata de um produto gigante ou anormal, mas de um tubérculo cujas propriedades e produtividade vão além dos parâmetros convencionais”, diz Subra Chakraborty, cientista que conduziu o estudo. Ela destaca, além dos resultados percentuais, a sua importância como alternativa para o combate à fome em regiões específicas da Índia e China.

Testes realizados com a super batata apontaram que o produto geneticamente modificado contém 60% a mais de proteínas por grama de batata quando comparado a uma batata tradicional. Uma unidade convencional de 150 gramas teria 3g de proteínas, enquanto a superbatata teria 4,8 gramas. Isso representa 10% do que é recomendado para o consumo humano diário, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMC). Mas Subra diz que os benefícios do produto também trazem ganhos diretos aos produtores rurais. “Os testes em campo mostraram que a produtividade aumentou de 15% a 25% a mais por hectare”, diz ela. Em Vargem Grande do Sul, município paulista responsável por 90% da safra de batatas nacionais, a produtividade gira em torno de 36 toneladas por hectare. No Brasil, os produtores importam 2,7 milhões de toneladas de sementes convencionais ao ano, segundo a Associação Brasileira da Batata.

A superbatata indiana ainda vai demorar para chegar ao mercado. Testes de biossegurança são realizados há cinco anos e a planta não apresentou indícios de inviabilidade, como potencial alergênico, mas a comercialização requer padronização, o que demanda tempo. “A comercialização de qualquer produto elaborado a partir da biotecnologia obedece a regras padronizadas internacionalmente”, destaca o pesquisador Luciano Paulino Silva, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.