Novidade: as primeiras mudas deverão ser lançadas a partir de 2017

A partir de 2017, os canaviais brasileiros poderão ter um crescimento na produtividade de etanol de até 40%, sem que para isso seja preciso expandir a área plantada, que hoje ocupa 6,7 milhões de hectares, segundo dados da União das Indústrias de Cana-de- Açúcar (Unica). Pelo menos é a promessa da Bayer, em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), com a nova variedade de cana que vem sendo desenvolvida. O produto, ainda sem nome comercial, começou a ser pesquisado no ano passado em laboratórios da empresa na Alemanha e Bélgica. Atualmente, a pesquisa da primeira variedade da empresa alemã se concentra no Brasil.

Reichardt: as mudas, atualmente em fase de pesquisa, são as primeiras desenvolvidas pela multinacional alemã

O País tem destaque no plano de negócios da multinacional, e das fábricas brasileiras sai 40% da produção mundial da empresa no setor de agroquímicos e sementes. O faturamento em 2009 chegou aos R$ 14,3 bilhões. As primeiras variedades da nova planta já estão em fase de produção, como explica Marc Reichardt, presidente da Bayer Cropscience da América Latina. “Esperamos registrar os exemplares até 2015 e a partir daí começar a multiplicação das mudas.” A parceria nasceu com o intuito de unir o conhecimento tecnológico de ambos a fim de ampliar o desenvolvimento de novos produtos. “Queremos colocar a tecnologia Bayer em variedades não suscetíveis a doenças e, com isso, produzir plantas fortes e altamente produtivas”, destaca Nilson Boeta, diretor-executivo do CTC. A empresa não divulga os valores do projeto, mas o volume destinado para pesquisa global entre 2008 e 2012 é de R$ 1,6 bilhão.

O desenvolvimento de tecnologias que aumentam a produtividade acontece em um momento crucial para o Brasil, que se consolida como grande produtor de biocombustíveis.

 

Parceria: para Boeta, do CTC, a união entre o conhecimento da entidade e a tecnologia da Bayer contribuirá para o aumento da produção brasileira de biocombustíveis

De acordo com William Lee Burnquist, coordenador de tecnologia do CTC, hoje são produzidos em média 80 litros de álcool por tonelada de cana. “Com a tecnologia da Bayer aliada às nossas variedades, esse volume passará a ser no mínimo de cem litros de álcool por tonelada”, explica. Dados da Unica revelam que a produção de etanol no País na safra 2008/2009 ultrapassou os 27,5 bilhões de litros, enquanto na safra 2009/2010, esse volume caiu para 23,6 bilhões de litros. Para que esse número cresça nos próximos anos, investimentos tecnológicos são essenciais. Quem também está atenta a isso é a suíça Syngenta, cujo investimento global em pesquisa gira em torno de R$ 1,8 bilhão. Em 2009, o grupo licenciou a Sugar Booster, tecnologia desenvolvida na Austrália, que permite à planta da cana acumular o isomaltulose, um açúcar especial que forma reservas na planta sem afetar o seu pleno desenvolvimento.

“A concentração do teor de açúcar pode aumentar entre 10% e 50%, dependendo das condições de cultivo”, explica Marco Bochi, diretor de novas tecnologias para cana-de-açúcar da Syngenta. Segundo o executivo, a ideia é disponibilizar a variedade no mercado até 2019.

Essa “corrida tecnológica” gera maior produtividade e ganho a todos os elos da cadeia. “As parcerias são produtivas para as empresas, pesquisadores, produtores e exportadores”, avalia Nilson Boeta. Só o CTC tem como parceiras 160 usinas de cana, o correspondente a cerca de 60% do mercado. “Investimos cerca de R$ 72 milhões ao ano em pesquisa”, revela ele. Não é de hoje que empresas voltadas para o setor canavieiro apostam em convênios com universidades e centros de pesquisa. A Syngenta tem 40 projetos para cana-deaçúcar em desenvolvimento, muitos em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), enquanto a Bayer atua há mais de 30 anos no setor produzindo defensivos e agora inaugura sua era de parcerias com o CTC. Sabendo da importância estratégica dessa área para o País, as empresas não medem esforços na hora de investir “A cana é uma cultura essencial para o Brasil, e o etanol é a melhor tecnologia do mundo para desenvolvimento de energia”, pondera Reichardt.