30/11/2020 - 13:50
Sete anos depois de ter voltado ao mercado de benefícios ao trabalhador, a VR Benefícios é uma empresa muito diferente daquela que vendeu a sua carteira de clientes de vales alimentação para a francesa Sodexo em 2007. Com forte investimento em tecnologia, a companhia – que fatura R$ 7 bilhões e é comandada por Claudio Szajman, filho de Abram Szajman – está cada vez mais digital.
Em 1977, o seu pai fundou a empresa logo após a lei que instituiu o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). Na época, os vales eram de papel e, depois, evoluíram para o cartão com chip.
A companhia acaba de lançar a conta digital para os estabelecimentos que recebem os vales alimentação. A meta é, no começo de 2021, ter 300 mil comércios usando a conta digital gratuitamente para fazer transferências bancárias, gerar boletos e obter crédito.
Claudio Szajman diz que está se abrindo um espaço no mercado para que empresas de varejo, como Magazine Luiza, Lojas Americanas e a própria VR, prestem serviços financeiros. Essas companhias, na sua opinião, têm uma vantagem em relação aos bancos tradicionais: conhecem muito bem o consumidor e preenchem uma lacuna. “O mercado superconcentrado das instituições financeiras não privilegiou o cliente”, diz.
A seguir trechos da entrevista.
Em que momento a VR está?
No final dos anos 1990 começamos a investir em tecnologia e fomos os pioneiros em usar a internet para transacionar com as empresas clientes. Em 2005 concluímos o processo de transformação daquela companhia que tinha o vale refeição em papel para o cartão com chip. Em 2007 vendemos a carteira de benefícios para a Sodexo, mas nunca deixamos de fornecer o serviço de tecnologia para a Sodexo. Em 2013 voltamos como emissores de benefícios, mas com diferencial. Criamos um modelo no qual os parceiros vendem nossos produtos e serviços sem ter de investir em tecnologia. Somos parceiros da Caixa na distribuição de benefícios. Temos 600 corretoras de seguro saúde e seguro de vida que distribuem nossos benefícios. Há um novo ciclo de negócios.
Quais são os resultados concretos desse novo ciclo?
Em 2013 estávamos com uma companhia no zero. Hoje temos 50 mil clientes pessoas jurídicas, que são os RHs das companhias, e temos cerca de 400 mil estabelecimentos comerciais: do McDonald’s ao restaurante por quilo. 1,7 milhão de pessoas usam diariamente nossos benefícios. O mercado de benefícios de alimentação e refeição é da ordem de R$ 100 bilhões e temos 7%. A companhia cresce R$ 1 bilhão por ano. Brinco que, entre as minhas startups, a VR Benefícios é a que tem um dos melhores desempenhos.
Como isso foi possível?
Com muito investimento em plataforma tecnológica e nas pessoas, que são o diferencial competitivo. Desde 2004 investimos dezenas de milhões de reais em tecnologia. Temos aplicado cerca de 10% da nossa receita todos os anos. O nosso modelo é de uma empresa muito digital, de autosserviço, que tem por trás tecnologia, robôs, inteligência artificial. Hoje nossa área comercial tem 20 pessoas. No passado eram 350. Chegamos a ter 24 filiais no País. Hoje não temos nenhuma. Estamos numa fase de digitalização. Lançamos a conta digital para os nossos clientes.
Qual a razão da conta digital?
O objetivo é prestar um serviço ao estabelecimento que tem dificuldade de acesso aos serviços dos bancos tradicionais, como transferências, pagamento de contas, geração de boletos e crédito. Está se abrindo um espaço no mercado para que empresas da área de distribuição, como Magazine Luiza, Lojas Americanas e a própria VR, prestem serviços financeiros. Essas empresas têm uma relação muito próxima com os clientes e isso é uma vantagem em relação ao mundo financeiro tradicional. O Brasil é muito desenvolvido na prestação de serviços financeiros, mas ficou muito concentrado durante décadas. O mercado superconcentrado das instituições financeiras não privilegiou o cliente.
Qual foi o impacto da pandemia nos negócios da VR?
Com os bares, restaurantes e o comércio em geral fechado, lançamos um link de pagamento para que o estabelecimento pudesse gerá-lo, por meio do WhatsApp, e vender comida por delivery. Foi um baita de um sucesso: um projeto desenvolvido em 12 dias. Foi uma inovação criada na pandemia que virou um produto regular, usado por parte dos 50 mil estabelecimentos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.