01/08/2022 - 15:47
O índice de vendas internas de produtos químicos cresceu 10,09% no acumulado do segundo trimestre de 2022, enquanto as importações tiveram alta de 1,5% em relação aos meses de abril a junho de 2021. O uso das instalações alcançou 67% no segundo trimestre deste ano. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Em relação ao 1º trimestre deste ano, os dados também indicam melhora no que diz respeito ao Consumo Aparente Nacional (CAN), com alta de 4,0%, e ao volume de importações, que cresceu 25,4%. Por outro lado, o índice de produção apresentou recuo entre abril e junho deste ano, tanto em relação a igual período do ano passado (-3,36%), quanto em relação ao 1º trimestre deste ano (-9,19%).
De acordo com os dados preliminares dos indicadores Abiquim-Fipe, que medem o comportamento dos produtos químicos de uso industrial, no mês de junho de 2022 em comparação ao mês anterior, o índice de vendas internas caiu 1,06% e as importações recuaram 10,9%, o que se refletiu em um CAN 6,1% menor. Já a produção, apresentou elevação de 4,50%, com destaque para o desempenho das exportações, que cresceram 2,2%.
Como reflexo, o nível de utilização da capacidade instalada ficou em apenas 64% em junho de 2022, mesmo porcentual de maio. Em relação aos preços praticados no mercado doméstico, houve alta nominal de 0,04% em junho, após ter apresentado elevação de 2,06% em maio de 2022, seguindo o comportamento dos preços dos produtos químicos no mercado internacional.
Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, a economia mundial está sofrendo com a alta dos preços e a escassez de recursos energéticos, com consequente impacto na inflação, nos juros e na logística, sobretudo causados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.
“A indústria química, que tem sua base de produção ancorada em matérias-primas como nafta e gás natural sofre com esse cenário adverso. No Brasil, cerca de 70% da nafta consumida localmente e metade do gás demandado vem sendo supridos por importações”, diz Fátima.
Ela complementa ainda que os preços do gás no Brasil antes da guerra custavam o dobro do americano e o triplo do europeu, mas, atualmente esses valores estão sendo pressionados pela forte alta na cotação do GNL no mercado internacional, que teve a referência multiplicada por quatro nos primeiros seis meses deste ano e sem perspectivas de arrefecimento no curto prazo, bem como a alta do petróleo.
No que refere aos últimos 12 meses, até junho de 2022, o índice de quantum da produção acumulou elevação de 1,15% e o de vendas internas caiu 5,26%, ambos sobre o período de 12 meses imediatamente anterior, assim como o volume de importações que recuou de 2,5%. Destaque para as exportações, que cresceram 10,0% na média dos últimos 12 meses, até junho de 2022. No que se refere à demanda doméstica, a variável teve alta de 1,5%.
A diretora da Abiquim faz um parêntese para destacar os dados divulgados nesta semana pelo Banco Central, no relatório Focus, que mostram que a perspectiva para o PIB é de alta de 1,93% para todo o ano de 2022. Apesar do patamar baixo, esse resultado melhorou em relação às perspectivas de quatro semanas atrás, em que as projeções apontavam alta de 1,50%.
Ela explica que a demanda do segmento está diretamente atrelada ao desempenho do produto interno bruto, em especial em razão da essencialidade dos produtos químicos e do uso nas mais diferentes cadeias de produção, com elasticidade que varia entre 1.3 e 1.5 vezes o crescimento do PIB.
“Após alcançar a fatia recorde de 47% do mercado doméstico no final de 2021, a participação das importações sobre a demanda caiu para 44% na média dos últimos 12 meses, até junho de 2022. Com a alta dos preços no mercado internacional, o déficit na balança comercial de produtos químicos alcançou novo recorde, de US$ 57,35 bilhões nos últimos 12 meses, até junho de 2022, resultado US$ 11 bilhões maior do que o do déficit de 2021, que havia sido de US$ 46,25 bilhões em 2021”, detalha.