01/09/2007 - 0:00
PREPARO FÍSICO: João Franciosi dirige de seis a sete horas diárias no Rally dos Sertões durante os nove dias da prova
Agricultor de profissão e aventureiro por vocação, o cotonicultor João Antonio Franciosi, do município de Luiz Eduardo Magalhães (BA), é um sujeito que gosta de desafios. Aos 22 anos deixou a cidade de Casca (RS) em direção ao oeste baiano. Comprou uma fazenda onde nem eletricidade havia. Passados mais de 20 anos, trabalha duro com dois irmãos para cuidar do negócio da família: um grupo de fazendas que somam 26 mil hectares divididos entre soja e algodão. Para não perder tempo na locomoção entre as lavouras, em vez dos buracos das estradas, prefere a turbulência dos céus.
Franciosi vai de uma fazenda para outra dentro de seu próprio avião – e, além de tudo, pilotando a aeronave. Por ano, tira apenas 15 dias de férias, quando embarca em alguma aventura, sempre em alta velocidade. E, nesse caso, quanto mais esburacada a estrada, melhor. No começo a diversão acontecia dentro da gaiola de um autocross, espécie de bugue modificado para encarar trilhas com muita lama. Participou de corridas, vencendo provas e campeonatos. Mas, quando tudo parecia tranqüilo, já no ano passado, Franciosi decidiu participar da maior prova fora-de-estrada da América Latina: o Rally dos Sertões. Em número de participantes, é a terceira do mundo e percorre os seis Estados – Bahia, Goiás, Sergipe, Tocantins, Maranhão e Piauí –, em cinco mil quilômetros de estrada, ao longo de nove dias. E o melhor da história: Franciosi ganhou a competição logo na estréia, ao lado do amigo e navegador Rafael Capoani.
O que para alguns pode parecer coisa de gente doida, para Franciosi é a melhor forma de descansar e esquecer dos problemas cotidianos. Segundo ele, depois de vestir o macacão e o capacete, os problemas ficam para trás, como o baixo valor do dólar e outras questões cotidianas. “É uma espécie de terapia”, diz. Mas a preparação não é moleza. Uma hora de corrida seguida de musculação é o seu condicionamento físico diário. Também é preciso ter uma boa noção de mecânica para reparar pequenos problemas. Na caçamba da caminhonete Mitsubishi especialmente preparada, são carregadas peças sobressalentes. Com a vitória do ano passado, Franciosi entrou para o seleto grupo de pilotos patrocinados pela Petrobras. E, se os resultados continuarem positivos, as férias do próximo ano acontecerão na Europa. “Tenho sonho de correr o Rally Paris–Dakar”, conta, referindo-se à mais dura competição do automobilismo mundial. Saindo da Europa, os participantes rumam à África, atravessando o deserto do Saara até chegar às praias de Dakar, no Senegal.