01/07/2012 - 0:00
Uma das imagens mais chocantes nos desmatamentos das florestas é a de tratores arrancando árvores com correntões, derrubando ao chão tudo que encontram pela frente. Quando não é possível usar essas “armas”, o fogo faz o serviço. A boa notícia é que essas cenas, embora ainda sejam comuns pelo País afora, vêm diminuindo aceleradamente. Ao menos é o que diz a pesquisa Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Brasil 2012, uma publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentada no dia 18 de junho. Segundo o documento, nunca se desmatou tão pouco na Amazônia. A derrubada de árvores é hoje 78% inferior ao que se via em 2004, o último pico de alta de desmatamento. Naquele ano, foram desmatados 27 mil km2 de florestas nos nove Estados da Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão.
Dois dias depois de sua divulgação, a pesquisa do IBGE era o principal item da bagagem da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que voou de Brasília para o Rio de Janeiro a fim de participar da Rio+20. “O País vem fiscalizando e punindo com rigor quem desmata”, diz. Para a senadora Kátia Abreu, presidente da CNA, além da maior rapidez na identificação de focos de desmatamento, por meio de satélites, há duas outras considerações quando se trata de explicar a redução desse tipo de atentado ao meio ambiente. “Hoje, há uma conscientização maior dos produtores em preservar e também um desejo de que isso ocorra”, diz Kátia Abreu. “Estamos cumprindo, antes do prazo, o que assinamos na convenção de Copenhague em 2009.” Naquele ano, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, o Brasil assumiu o compromisso de reduzir em 80% os desmatamentos, até 2020. “Estamos entregando o que prometemos, oito anos antes”, diz Izabella Teixeira.
Em 2011, foram desmatados seis mil km2 de florestas. A meta acertada para 2020 é diminuir para 5,4 mil quilômetros. Não por acaso, a pesquisa do IBGE mostra uma redução do número de queimadas na região, da ordem de 50%. Em 2011, o número de focos de calor detectados por satélites chegou a 61 mil, menos da metade do registrado no ano anterior.
Para a presidente da CNA, é possível que o desmatamento caia ainda mais. “Com algumas exceções no Norte de Mato Grosso e do Pará, estamos no limite do desmatamento”, diz. Para ela, os produtores precisam entender que não é um favor à sociedade desmatar menos, mas isso faz bem ao seu patrimônio. “Fazenda que não é sustentável dá prejuízo”, diz Kátia Abreu.