Um estudo elaborado pelo Programa Oeste em Desenvolvimento e a Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação quer ajudar os agricultores da região a usar de forma correta essa técnica de manejo em suas lavouras. Grande parte dos agricultores da região já aderiu ao plantio direto há muito tempo, mas muitos deles ainda não seguem corretamente as normas que essa prática exige para gerar mais eficiência.

O estudo foi apresentado nesta quinta-feira, 5, na Associação dos Engenheiros Agrônomos, em Cascavel, durante o Fórum de Inovação do Agronegócio Oeste do Paraná 2016. O evento reuniu mais de 80 pessoas, entre dirigentes de cooperativas, técnicos agrícolas, agricultores e representantes de universidades e de entidades, como Embrapa, Iapar, Emater, Seab, Adapar, e também da Itaipu Binacional.

A iniciativa do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD) e da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação conta com o apoio da Itaipu. Um dos objetivos foi levantar as demandas do setor relacionadas às tecnologias envolvidas, como, por exemplo, a agricultura de precisão.

O plantio direto é uma técnica de manejo de solo com o mínimo impacto de máquinas agrícolas, como tratores e arados. Nessa prática, os agricultores conseguem proteger o solo das ações do sol e da chuva, preservando a matéria orgânica e reduzindo a erosão.

De acordo com o estudo, de 1960 para até hoje, a produção agrícola no Estado cresceu 774%. O Paraná tem hoje 78 cooperativas. Pelo menos um terço dos agricultores paranaenses são cooperados. Esse universo representa 56% do PIB do agronegócio estadual. E o Oeste do Paraná é responsável por 60% desse nicho. Um dos desafios é garantir uma produção de alimentos aliada à conservação ambiental.

É preciso avançar

Para os participantes do Fórum, por falta de atenção dos produtores e também das entidades que incentivam o plantio direto, houve um retrocesso no uso dessa técnica na região. Para o secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Anacleto Ortigara, esse é um momento importante para chamar a atenção dos produtores rurais. “Temos como desafio tratar os solos com mais carinho, utilizando o conhecimento técnico dos nossos profissionais. Tudo isso aliado a novas tecnologias e ao trabalho árduo dos agricultores paranaenses”, disse.

Para o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, o estudo poderá não só ajudar os agricultores da região, mas do Brasil inteiro. “A região pode ser transformada no maior laboratório a céu aberto de plantio direto, dando exemplo para o mundo que aqui obtemos alta produtividade com conservação de solo e preservação do meio ambiente”. Samek lembrou ainda da importância das cooperativas nesse processo, altamente representativas no Oeste do Paraná.

Há 15 anos

O plantio direto é uma prática adotada na região há 15 anos, com apoio da Itaipu. Inicialmente, foi implantado um projeto-piloto nos 16 municípios lindeiros ao reservatório da usina, avançando em seguida para as 29 cidades da Bacia do Paraná 3. Agora, como ação integrante do Oeste em Desenvolvimento, deverá ser levado para os 54 municípios da região.

“São mais de 15 anos de trabalhos que resultaram em melhorias na qualidade do solo, mais produtividade e rentabilidade ao produtor”, explicou João José Passini, representante da Itaipu no Programa Oeste em Desenvolvimento. A prática é uma das prioridades do Programa Desenvolvimento Rural Sustentável, do Programa Cultivando Água Boa, com abrangência em toda a Bacia Hidrográfica do Paraná 3.

Uma das iniciativas para incentivar os agricultores foi a criação de uma certificação do plantio direto de qualidade, em parceria com a Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação. Esse projeto foi desenvolvido de 2011 a 2013, em 226 propriedades da BP3.

Itaipu e Embrapa também são parceiras no projeto Solo Vivo, para avaliar o impacto do plantio direto (e outras medidas conservacionistas, como a proteção de matas ciliares, adequação de estradas, terraceamento e práticas agroecológicas) em microbacias do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Revolução

A tecnologia que revolucionou a agricultura brasileira está presente em 95% das plantações de grãos do Paraná e em cerca de 30 milhões de hectares do Brasil, quase a metade de toda a área plantada do País.

“Avançamos muito mais que os Estados Unidos na questão da proteção do solo. O Brasil é hoje referência mundial nesta prática, pela importância que tem dado ao tema”, disse João José Passini, que também é consultor da Diretoria Geral Brasileira de Itaipu. Ele explicou que, em países tropicais, como o Brasil, a degradação do solo é muito maior devido às chuvas torrenciais e à alta temperatura. Na zona temperada, faixa onde estão os Estados Unidos, o problema é menor.

Oeste em Desenvolvimento

Jaime Nascimento, representante da Itaipu no programa, define o Oeste em Desenvolvimento como uma ação de governança regional que busca promover a região, por meio de um processo participativo, fomentando no território a cooperação entre os atores públicos e privados, para o planejamento e a implementação de uma estratégia integrada de crescimento local. O programa atua com foco em eixos estruturantes de base territorial, tecnológica e inovadora. Hoje, são 40 parceiros unidos à iniciativa. Fonte: Ascom