24/09/2015 - 13:46
A agricultura tem a grande responsabilidade de não exaurir os recursos naturais, permitindo que uma mesma área possa ter produtiva para sempre. Não se admite mais técnicas que explorem o solo até seu esgotamento e a mudança de local, como se praticou no passado. E, ainda, tem o desafio de aumentar a produção na mesma área. Isto é sustentabilidade. Para atingir esta situação, é necessário tecnologia.
As técnicas vêm sendo desenvolvidas nas universidades e instituições de pesquisa. Não é possível importar esta tecnologia de países mais avançados, pois a maioria pratica agricultura temperada. Temos que desenvolver uma agricultura tropical, com a competência de nossos técnicos. E esta tecnologia tem que chegar até os produtores rurais, independente do tamanho. Para isto, é fundamental uma extensão rural eficiente.
A Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) está sendo estruturada no Brasil. É necessário que a política de extensão rural seja adequada, recuperando as Ematers e outras entidades de extensão, que já tiveram épocas melhores. As universidades mais importantes do Brasil, que trabalham o agro, devem redirecionar seu esforço, atualmente muito mais voltado à pesquisa, valorizando a extensão.
Embora seja muito importante continuar avançando em pesquisa, já que ainda existem muitos gargalos na produção, é preciso que os conhecimentos produzidos cheguem a todos os produtores, através de uma rede bem preparada. O Projeto Rondon, que está sendo realizado em duas regiões do Mato Grosso e Pará-Tocantins que precisam receber inovações, podem contribuir um pouco para suprir essa necessidade.
Uma das funções do Projeto Rondon é capacitar agentes multiplicadores pela ação de uma força-tarefa representada por 600 voluntários (120 professores e 480 estudantes). No Pará-Tocantins os 300 voluntários (60 professores e 240 estudantes) são de 31 instituições de ensino superior, de 12 estados (SP, PR, MG, RJ, RS, SC, DF, ES, GO, MT, BA e MA). Os planos de trabalho de quase todas as equipes envolve o agro, tanto temas de “dentro da porteira” como os de “antes da porteira” e “depois da porteira”.
São 15 municípios (11 no Pará e 04 no Tocantins) que estão recebendo, durante duas semanas, oficinas que permitam avanços no enfrentamento dos principais problemas locais. Quase todas as regiões atendidas tem atividade agrícola relevante. A expectativa é que, por não se constituir mais em uma ação assistencial e sim inovadora, o Projeto Rondon deixe um legado de transformações duradouras e sustentáveis, que tenham continuidade, proporcionando, entre outros aspectos, geração de emprego e renda na comunidade rural.
Além de tirar o estudante da sala de aula, o Projeto Rondon pode contribuir para que os sistemas de produção agrícolas não se esgotem, incluindo conceitos como rotação e sucessão de culturas, manejo integrado de pragas, plantio direto, integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta, diversificação da produção, boas práticas agrícolas, redução do desperdício, cooperativismo, associativismo, seguro e crédito rural etc.
Merece reconhecimento o Ministério da Defesa, que coordena o Projeto Rondon, com o apoio de diversos ministérios e do exército. Importante que o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) tenha atuação destacada, para dar o devido destaque ao agro, responsável por 23% do PIB nacional, 33% dos empregos e 40% das exportações.