01/04/2025 - 17:57
A organização da Agrishow, maior feira agropecuária do Brasil, projetou nesta terça-feira que as intenções de negócios gerados no evento deste ano poderão atingir cerca de R$15 bilhões, com impulso de uma safra recorde de grãos e da boa rentabilidade de produtos como café e cana.
Isso seria um crescimento de cerca de 10% em relação ao montante do ano passado, apesar de um cenário desafiador de juros, que estão mais elevados em 2025 na esteira da alta da taxa básica Selic.
“Vamos trabalhar para que este número seja atingido”, afirmou o presidente da Agrishow, João Carlos Marchesan, durante entrevista a jornalistas.
Segundo ele, a cotação do dólar frente ao real “não está ruim” para os negócios agrícolas, assim como os preços das commodities.
“Não está perdendo dinheiro, mas não está ganhando muito, o agricultor está ganhando na produtividade”, afirmou ele.
Marchesan citou que os custos de aquisição de insumos diminuíram, o que favorece os investimentos.
“Tudo isso ajuda a trazer um equilíbrio, tudo isso ajuda para termos essa previsão de crescer”, acrescentou.
Ele lamentou que a Selic esteja em 14,25% ao ano, maior nível em mais de oito anos, após cinco altas consecutivas da taxa, o que pode limitar alguns negócios.
“A questão do crédito está escasso, com a Selic beirando os 15%, o valor da equalização que precisa ser feita, se o governo fizer qualquer empréstimo, o governo tem que equalizar…”, afirmou ele, em referência aos juros subsidiados pelo Tesouro.
De outro lado, ele lembrou que o governo enfrenta problemas orçamentários, o que reduz a oferta de recursos para subsídios.
“O governo está fazendo o máximo esforço, mas não estamos muito confiantes (de que o novo Plano Safra seja abundante)”, afirmou ele.
Assim, Marchesan acredita que agricultor vai investir em grande parte com recursos próprios. “Por isso estamos esperançosos.”
O evento entre 28 abril e 2 maio deverá reunir cerca de 800 expositores em Ribeirão Preto (SP).
O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão Bastos, lembrou a previsão é de que as vendas de máquinas agrícolas no país este ano devem crescer 8,2% ante 2024, o que reforça o otimismo para a feira.
Ele disse que as vendas nos últimos quatro meses têm sido positivas, na comparação com o mesmo período do ano passado.
“Ano passado tivemos um ano mais difícil por conta da seca, e este ano estamos esperando que aumentem as vendas”, afirmou.
Segundo ele, o bom momento pelo qual passam os setores de café, cana e laranja também deve favorecer as vendas de máquinas agrícolas.