11/11/2021 - 17:14
A quarta geração do agronegócio é uma realidade no Brasil. Esse termo segue o mesmo conceito da Indústria 4.0, que tem como base o uso de equipamentos tecnológicos como softwares, robótica, sistema de posicionamento global (GPS), drones, entre outros. O agro 4.0 vem ajudando os empresários do campo a aumentar a produtividade, apesar de desafios como a escassez da conectividade e de mão de obra qualificada.
Ouve-se que o campo é a locomotiva do país. Não é para menos: o setor impulsiona não apenas a nossa economia, mas também a inserção e propagação das novas tecnologias. O conceito “4.0”, que está completando 10 anos, está presente em cada etapa da cadeia produtiva. Nas soluções tecnológicas e automação de dados, na evolução de insumos e maquinários, na gestão de operações e monitoramento de resultados: a tecnologia é protagonista no agro brasileiro.
A aplicação de tecnologias nas lavouras e na gestão de negócios agrícolas ajudou a consolidar o Brasil como potência do setor, colocando-o entre os mais competitivos do mundo. O país alcançou o segundo lugar na exportação mundial de alimentos, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), deixando grandes potências para trás neste ranking. É motivo de orgulho para os produtores que, safra após safra, batem recorde.
+ Uso da tecnologia na aviação e na agricultura vai unir ambos setores em futuro próximo
Uma pesquisa publicada em maio, pela consultoria McKinsey & Company, revelou que 71% dos agricultores brasileiros usam canais digitais diariamente para atividades relacionadas às fazendas. O uso de aplicativos de mensagens, portais de e-commerce e outras ferramentas para cotações e compras de insumos e máquinas agrícolas é um exemplo da mudança no comportamento de compra do novo produtor rural.
Hoje, é possível ter uma fazenda inteira na palma da mão e monitorar constantemente tudo. O uso da tecnologia tem muito a contribuir para o crescimento sustentável do agronegócio brasileiro. Aumento da produtividade, otimização de custos e redução de riscos são alguns dos benefícios gerados pela previsibilidade e poder de decisão proporcionados pela tecnologia.
Mas a verdade é que muitos produtores ainda não possuem os controles básicos para gerir seus negócios. Eu diria que a verdadeira transformação digital do campo está condicionada à expansão do uso de softwares que possibilitam o gerenciamento de operações como tesouraria, compras de insumos, controles de custos e despesas, estoque de produtos, monitoramento da produtividade e saúde financeira do negócio.
A aplicação de novas tecnologias no agro, claro, traz oportunidades e abre caminhos no país. O Ministério da Agricultura projeta que as receitas provenientes do campo deverão somar mais de R$ 1 trilhão neste ano. E não para por aí: os desafios crescem, à medida que a população mundial aumenta. Com mais bocas para alimentar, é preciso ganhar ainda mais eficiência. Para se ter uma ideia, dados da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmam que a população mundial pode chegar a 8,6 bilhões de pessoas em 2030.
Para suprir tamanha demanda, num futuro próximo será cada vez mais frequente o uso da inteligência artificial, de big data, da internet das coisas, blockchain e outras tecnologias. Este movimento fomenta o ecossistema de inovação e o surgimento de empresas e startups especializadas em solucionar dores dos agentes da cadeia produtiva.
Mas tanta inovação só terá aplicabilidade com pessoas capazes de liderar esta revolução no campo. É urgente ampliar os canais de transferência de conhecimento entre instituições de ensino, o agronegócio e outros agentes do mercado, democratizando o acesso à capacitação. Nisso, a tecnologia também é uma aliada, visto a grande expansão da aprendizagem digital no Brasil.
Por último e não menos importante, a chegada da Rede 5G é fundamental para a garantia de uma internet de qualidade, que irá ajudar no desenvolvimento das regiões agrícolas. A conectividade no campo é o que facilitará o acesso ao conhecimento e a expansão do uso de ferramentas tecnológicas que ajudarão o agro a crescer com eficiência.
Diante de todo esse cenário, podemos afirmar que a tecnologia está provocando forte e positivo impacto em todo o ecossistema do agronegócio brasileiro. Com o desenvolvimento de soluções inovadoras, que otimizam processos, aumentam a produtividade, oferecem maior controle na gestão e reduzem custos no campo – e, claro, com maior acessibilidade tecnológica aos produtores rurais e demais envolvidos no setor – o agro deverá crescer exponencialmente e se consolidar cada vez mais como o grande propulsor da economia brasileira.
Carlos Barbosa é CEO da ALIARE, empresa de tecnologia voltada para o agronegócio.