EXPECTATIVA: o casal Altoé está apostando na framboesa e na amora-preta

O ditado popular “Tamanho não é documento” é uma boa forma de explicar o agronegócio capixaba. O Estado tem apenas 0,5% do território brasileiro, mesmo assim tem um agronegócio expressivo, caracterizado pela agricultura familiar. São 250 mil produtores com este perfil e uma média de menos de cinco hectares por família. Este cenário tem levado a Secretaria Estadual de Agricultura a investir na diversificação de culturas. A novidade deste ano foi a implantação dos primeiros polos de frutas de pequeno porte: amora-preta, framboesa e mirtilo, nome brasileiro da conhecida blueberry. “O objetivo é agregar emprego e renda a estas pequenas propriedades e incentivar o agroturismo”, diz Aureliano Nogueira, coordenador de fruticultura do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

A introdução de amora-preta no Estado aconteceu em 1987. Mas a retomada do incentivo às frutas de pequeno porte se deu no ano passado, com a distribuição de 2,5 mil mudas de amora, framboesa e mirtilo. Todo o material trazido tem como procedência a Embrapa Clima Temperado. “São variedades que a Embrapa trouxe dos EUA e tem trabalhado para torná-las menos exigentes quanto ao frio”, explica Maria Elizabete Abaurre, engenheira agrônoma do Incaper e responsável pelos experimentos com fruticultura de clima temperado. No ano passado, foram distribuídas mais 7,5 mil mudas, o que totalizou um investimento de R$ 141 mil, montante que abrange mudas, capacitação, cursos, treinamentos e assistência técnica. “Por enquanto, foram contemplados 12 cidades da região serrana, mas o programa abrangerá 20 municípios”, diz Nogueira.

Eliete e Claúdio Altoé são exemplos de agricultores favorecidos pelo programa. Donos do sítio Bela Vista, uma propriedade de 24 hectares no município de Venda Nova do Imigrante, eles há seis anos vivem do turismo rural. A família Altoé tem a seu favor o fato de a cidade ser nacionalmente conhecida pelo Morro do Filete, que abriga uma rampa de voo livre. Além disso, a região é refúgio para os “caipiras da cidade”, habitantes da Grande Vitória que buscam um lugar mais calmo para passar os finais de semana. Essas pessoas vão ao sítio dos Altoé ver in loco como é uma plantação de café, um pé de abacate, etc. Por isso, a diversificação é tão importante. “Estamos entusiasmados. Recebemos as mudas de framboesa e amora do Incaper e o Claúdio plantou. A primeira colheita foi no final de 2008”, diz Eliete, que costuma fazer biscoitos, licores e geleias com as frutas da propriedade. Agora sua expectativa é quanto à aceitação das geleias de framboesas e amoras de seu sítio. “Hoje, o produto com maior saída entre os turistas é a geleia de framboesa silvestre, variedade que nasce naturalmente no mato”, diz.

PIONEIRO: Rainor começou a plantar amora-preta no primeiro programa do governo há 20 anos

Hosana e Rainor Uliana, por sua vez, conhecem muito bem o potencial da amora-preta. Há 20 anos, eles receberam do Incaper mudas da fruta e, de lá para cá, só têm colhido benefícios. “Com a amora, eu faço geleia, licor, vinho, suco. Também serve para confeitar tortas, bolos e fazer recheios”, diz Hosana, que aproveitou a versatilidade da fruta e abriu em seu sítio uma lojinha chamada Sabor e Arte, onde expõe seus produtos. Só para se ter uma ideia, um vidro de 320 gramas de geleia sai por R$ 6. Agora, o casal está empolgado com as mudas de framboesa e mirtilo. “Estamos torcendo para que elas se adaptem bem”, diz Rainor. De acordo com Maria Elizabete, a adaptação tem sido a principal dificuldade. “A framboesa e a amora têm ido bem, mas o mirtilo está demorando para se desenvolver. Por isso, resolvemos deixar as mudas desenvolvendo mais no viveiro antes de fornecê-las aos produtores”, diz.

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