A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgaram um aumento de 1,22% para o Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário no primeiro  quadrimestre deste ano, com destaque para o faturamento da cotonicultura, que avançou 35,29% até abril. A partir de então, com maior oferta do algodão no mercado e restrição na demanda, os preços seguiram em queda, com perspectivas negativas para a safra 2014/2015.

Outro setor com desempenho em destaque no campo positivo para o período analisado foi a pecuária, com alta de 2,39%. Na avaliação da CNA, o resultado trimestral do algodão se justifica pelo “aquecimento na demanda interna e externa” do início de ano. Para abril foi observado um recuo nos preços “em função do posicionamento das indústrias têxteis que não adquiriram lotes para entrega imediata”.

“Se compararmos os preços de abril do ano passado com abril deste ano, o mercado está muito melhor. Naquele período tínhamos até a perspectiva de manter os níveis de área plantada para a safra 2014/2015, mas os preços – que eram bons há dois meses – já não são positivos”, explica o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Gilson Pinesso.

De acordo com Pinesso, o primeiro quadrimestre representa a entressafra do algodão e a relação entre oferta e demanda se ajustou. “Agora o produtor olha para frente e o cenário é ruim”, diz.

Em função destes resultados positivos para início do ano, Pinesso conta que os cotonicultores colherão 450 mil toneladas a mais de algodão na safra 2013/2014, fator que colabora para as perspectivas baixistas nos valores praticados pelo mercado. Segundo pesquisadores do Cepea, boa parte das empresas do setor têxtil está abastecida para atender a demanda atual.  “O preço não para de cair. Trabalhávamos com US$ 0,90 por arroba, agora chegamos a US$ 0,60 por arroba”, enfatiza. Pecuária

Puxados pelo desempenho positivo tanto em termos de preços quanto em volume, os faturamentos da pecuária de corte, de leite e da produção de ovos acumularam altas expressivas de 15,64%, 19,56% e 12,34%, respectivamente, no primeiro quadrimestre de 2014. Na pecuária de corte e na avicultura de postura, as taxas apresentadas registraram variações 14,36% e 9,70%,
superiores às do mesmo período de 2013. A suinocultura também cresceu, mas de forma modesta, a 1,95%.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, afirma que o mercado de ovos, por exemplo, passou a se organizar melhor neste ano e ainda tem espaço para expansão, justificando os resultados apontados pelos institutos de análise. “No Brasil, o consumo de  ovos está em 168 por habitante/ ano, enquanto a média mundial é quase o dobro. Queremos ampliar a demanda aqui e lá fora”, diz Turra.

Já a agricultura representou o menor avanço entre os segmentos avaliados, com ganhos de 0,70%. Cebola, com baixa de 30,05%, tomate, que caiu 24,76%, batata, com 16,60%, milho, com 11,14% e fumo aos 4,32% foram às culturas que apresentaram retração do faturamento esperado para 2014.

No caso da cana-de-açúcar, a retração foi de 6,26% em função da queda de 8,06% na comparação com o último quadrimestre de 2013. “Ainda há, no entanto, expectativa de crescimento devido à expansão da área cultivada nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, onde se concentra o maior número de novas usinas”, afirma o CNA em nota.  Segundo
analistas do Cepea, o início de 2014 foi afetado pela estiagem na região Centro-Sul, que prejudicou o desenvolvimento das lavouras e refletiu diretamente sobre as cotações dos produtos agropecuários.