O aumento do consumo interno e a expectativa de crescimento nas exportações de álcool para os próximos anos têm feito com que grandes empresas brasileiras do setor busquem alternativas para evitar que a deficiente logística do Brasil comprometa a competitividade do seu produto. O melhor exemplo disso é um arrojado projeto que visa viabilizar o transporte do álcool via ferrovia no Estado de São Paulo, onde se produzem cerca de 24 bilhões de litros, correspondentes a 75% de toda a produção de açúcar e álcool no Brasil. À frente da iniciativa estão pesos pesados como as usinas Cosan e Coopersucar e a empresa de logística ALL, que espera estar com o sistema operando já no próximo ano e possibilitar uma redução de 10% a 15% no custo de transporte das indústrias. “Esse modelo será uma opção de transporte eficiente para as empresas que atuam no interior de São Paulo”, afirma o diretor de commodities agrícolas da ALL, Eduardo Pelleissone.

A primeira parte do projeto está voltada para o mercado interno e envolve usinas do interior de São Paulo e a construção de 11 centros coletores de carga em São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Um investimento conjunto de R$ 104 milhões e que tem a Coopersucar como principal investidor. “A ALL investiu cerca de R$ 70 milhões na compra de 250 vagões-tanques. O restante do investimento é relativo à construção dos terminais, todos financiados pela Coopersucar e operados pela ALL”, diz Pelleissone.

A segunda parte do projeto é utilizar a estrutura ferroviária para transportar o álcool com destino a exportação via porto de Santos. A ALL calcula que cerca de três bilhões de litros de etanol passem por ano pelo porto, dos quais ela pretende ter uma participação de 30%. Para isso conta com a parceria da Cosan, maior produtora de etanol do Brasil, com 1,57 bilhão de litros produzidos por ano. A empresa transportou as primeiras cargas nesse modelo ainda em caráter experimental e segundo o diretor de logística integrada da Cosan, Carlos Martins, os resultados foram positivos. “Esse é um projeto inédito e a primeira coisa foi avaliar a viabilidade operacional do sistema, provando que é possível transportar etanol para o porto de Santos via ferrovia”, ressalta o executivo.

Eduardo Savanachi