01/07/2011 - 0:00
A multinacional americana Alltech, fabricante de suplementos para ração animal, com um faturamento de US$ 500 milhões anuais, deve expandir sua fábrica de leveduras, no Brasil. A fábrica, localizada em São Pedro do Ivaí, no Paraná, vai receber um investimento de US$ 20 milhões para começar a fazer a fermentação de algas, uma das novas apostas da área de pesquisa da empresa, baseada em Lexington, no Estado do Kentucky, de acordo com o CEO Pearse Lyons.
A alta dos preços das commodities, principalmente do milho, vem estimulando todo tipo de pesquisa para a substituição das rações convencionais. A valorização parece ter vindo para ficar. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) prevê que os preços de milho e do farelo de soja continuem subindo até o fim da década. A valorização representa uma pressão significativa nos custos para os produtores, principalmente de frangos e de suínos. Novas alternativas para substituir as commodities na composição das rações, além de maneiras de aumentar o rendimento da alimentação animal, estiveram no centro das discussões do simpósio anual da Alltech, no Kentucky, em maio.
O cenário é perfeito para a aposta nas algas, de custo zero, que serão utilizadas para as rações, que poderão ter mais componentes de fibras não alimentícias. Os organismos também são alternativas de matéria-prima para a produção de biocombustíveis, que hoje concorrem com produtos agrícolas utilizados na alimentação humana, como o açúcar e o milho. Um hectare cultivado de algas pode produzir tanta proteína quanto 21 hectares de soja, 49 hectares de milho ou 95 hectares de trigo, mostram estudos realizados pela Alltech.
Pesquisa: há no mundo mais de 800 mil espécies de algas que podem gerar diferentes tipos de produtos
Lyons se diz entusiasmado com as pesquisas sobre as algas como nova fonte de nutrientes. O entusiasmo não fica apenas no discurso. A empresa investiu US$ 200 milhões em uma fábrica piloto, dedicada exclusivamente ao estudo de organismos. A unidade foi inaugurada em fevereiro em Winchester, cidade próxima à sede da Alltech, em Lexington. Os outros dois países escolhidos para produzir suplementos a partir de algas são a Sérvia e o Brasil.
Segundo a diretora de pesquisa da Alltech, Becky Timmons, as mais de 800 mil espécies de algas existentes no mundo podem gerar diferentes tipos de suplementos, que no futuro poderão ser usadas como aditivos para rações animais. “É um universo infindável de oportunidades”, afirma.
“Algumas espécies de algas são ricas em proteínas, outras em ácidos graxos. É possível criar vários produtos novos.” A companhia já está trabalhando em algumas patentes baseadas em algas. Os primeiros suplementos serão inicialmente adicionados às rações de peixes, mas a ideia é produzir também produtos que possam ser adicionados à ração de bovinos e frangos.
A unidade brasileira já iniciou os primeiros testes com fermentação de algas. De acordo com Guilherme Minozzo, diretor para a América Latina, o Brasil é o segundo maior mercado do mundo para a Alltech, com vendas anuais de US$ 120 milhões. A região superou a Europa no ano passado em participação na receita da companhia, com 27%, ante 26% no mercado europeu e 23% no Canadá e nos Estados Unidos. Com uma expectativa de crescimento de 20% neste ano, o CEO Lyons diz que o País é uma das prioridades para a Alltech, junto com China e Índia. “Já estamos bastante envolvidos no Brasil e queremos incrementar nossa presença”, afirma Lyons.
Multiplicação:
um hectare de alga equivale a 21 de soja, em proteína