11/08/2022 - 18:01
Os juros futuros fecharam a quinta-feira em alta nos vencimentos intermediários e longos, refletindo correção do mercado às quedas recentes nos prêmios de risco e estimulados ainda pela alta do dólar e dos rendimentos dos Treasuries, apesar da inflação no atacado nos Estados Unidos ter surpreendido para baixo. As taxas chegaram a quase zerar o avanço no começo da tarde, passado o leilão de prefixados, muito maior do que os anteriores, mas no fim do dia voltou a ganhar fôlego com as máximas nos yields dos títulos do Tesouro americano e dólar ampliando alta. Profissionais relatam ainda forte influência de movimentos técnicos nos últimos dias ante vencimentos grandes de títulos públicos no curto prazo.
A ponta curta terminou estável, numa sessão sem vetores capazes de alterar a percepção sobre a Selic nos próximos meses. Nem a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) nem o anúncio da redução do preço do diesel provocaram reação das taxas.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou estável em 13,72% e a do DI para janeiro de 2024 passou de 12,928% para 12,95%. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,872% para 11,95% e a do DI para janeiro de 2027, de 11,713% para 11,79%.
Até chegaram a testar queda na abertura, mas viraram ainda pela manhã com o mercado se preparando para o leilão do Tesouro, que veio grande. Foram vendidos integralmente os lotes de 16,5 milhões de LTN e de 2 milhões de NTN-F, com taxas abaixo do consenso, segundo a Necton Investimentos, que informou ainda que o risco (DV01) foi de US$ 798 mil.
De todo modo, o leilão foi no geral bem absorvido, inclusive o de papéis longos (NTN-F), que são normalmente alvo de estrangeiros e vinham tendo pouco interesse. O operador de renda fixa da Mirae Asset Paulo Nepomuceno afirma que o leilão mostra que há fluxo para Brasil e “que a rolagem da dívida pública está garantida”. No começo da tarde, a pressão sobre os DIs diminuiu com os típicos ajustes pós-leilão, de desmonte de posições defensivas.
Nepomuceno lembra que o mercado de juros vinha perdendo prêmios de forma muito rápida e tem havido alguma recomposição, nesta quinta com influência do dólar, mesmo num dia de queda inesperada da inflação no atacado nos Estados Unidos. “Na visão do mercado brasileiro, tanto o CPI quanto o PPI sugerem que os juros lá fora não precisam explodir, mas não necessariamente é isso o que pensa o mercado lá fora. O Fed vai ter de subir juro para colocar a economia no lugar”, disse, destacando que aqui “o juro real ainda aguenta bastante desaforo da inflação”.
No meio da tarde, os juros dos Treasuries ganharam fôlego, com a taxa do papel de 10 anos projetando 2,88%, do patamar de 2,79% de quarta.
A agenda doméstica trouxe o volume de serviços em junho (+0,7%) maior do que a mediana das estimativas (+0,4%), mas que não alterou a percepção do mercado de que o ciclo de aperto da Selic terminou no Copom de agosto. Tampouco a redução de R$ 0,22 no litro do diesel anunciada pela Petrobras mudou a percepção sobre a inflação. O impacto é residual no IPCA, na casa de -0,01 ponto porcentual.